sexta-feira, 2 de maio de 2014

Capitulo 33 - «Andam sempre tão alegres e contentes...dá ideia que é todas as noites»


Salvio: 

Desde que comecei a falar com a Ana, a minha vida deu uma volta de 180º. Ela é simplesmente a metade que eu procurava, o ser humano mais maravilhoso e fantástico à face da terra. É minha. Hoje é minha e assim será sempre. Só o facto de ela ter ido ter a Leverkusen comigo porque não me tinha respondido ao pedido de namoro, demonstra mesmo aquilo que ela é. 
Eu amo-a, desde o primeiro dia em que cheguei ao Benfica regressado do Atlético de Madrid. Todas as manhãs ela estava lá a dar-me os bons dias e, não sabendo, tornava logo o meu dia mais feliz. 
Conhecer este outro lado dela, o lado de prima preocupada e que ama o seu pequeno, é fantástico...ela irá dar uma mãe super babada, com um instinto de proteção fantástico. 
E o David?
Começámos com o pé esquerdo mas ele está a tornar-se um doce de menino, estamos a ligar-nos, ele é sem duvida especial, tem qualquer coisa no seu interior que eu desejo que os meus filhos tenham. Adoro o menino, é mesmo especial para mim que ele me esteja a aceitar na vida dele e que comece a gostar de mim. 
O dia foi fantástico, com eles os dois tornou-se perfeito mesmo...e caricato ao chegar a casa. Eu e a Ana bem que tentámos chegar junto do David antes de ele entrar no quarto...mas foi tarde demais. Já ele estava, espantadissimo, a perguntar à mãe porque é que o André estava em cima da Rita e se eles estavam sem roupa.
Ficámos todos um pouco sem saber o que fazer...mas o melhor era deixar a Rita e o André vestirem-se, por isso peguei no David ao colo levando-o para a sala, e pouco depois já tinha a Ana junto a mim também. 
Estávamos os três a olhar uns para os outros...nem eu, nem a Ana sabíamos lidar com esta situação. 
- Pima...o Dê tava em chima da mamã. 
- Sim, Dádá...
- E shem ropa, poque?
A Ana não lhe respondeu, apenas se sentou ao lado dele. Tomei a iniciativa de me sentar do outro lado do David, e de lhe tentar explicar alguma coisa. 
- David...a tua mamã gosta muito do André. 
- Como tu ostas da pima?
- É capaz de ser mais porque eles se conhecem à mais tempo.
- Mas voshes tambem ficam ashim?
- Ainda não David - quem lhe respondia era a Ana - a tua mamã e o André já estão juntos à mais tempo.
- Ah. E é nomal?
- É. É uma coisa bonita David, mas que tu só devias saber daqui a uns anos - expliquei. 
- Poque?
- Porque é uma coisa dos crescidos. Quando tiveres uma namorada e se conhecerem bem, também podes fazer o mesmo. 
- Mas com cuidado! - alertou a Ana. O nosso jeito não era o de pais, mas tentávamos o nosso máximo. 
- Mas poque é que tem de se sem ropa?
- É do calor - respondeu a Ana - porque é assim: sabes os bebés que tu pedes no Natal?
- Shim...
- A mamã e o André também têm de os pedir à cegonha e ao pai Natal, só que eles têm de pedir com beijinhos mas muitos beijinhos para terem os bebés. 
- Sim, é isso mesmo! - concordei com a Ana que lhe estava a tentar explicar tudo da maneira que conseguia, mas só me apetecia rir. 
- Então ewes tão a tenta que eu tena um mano?
- Sim, mas ainda estão só a tentar, e como estiveram longe também estão a matar saudades. 
- E eu não posho i po pé dewes nesha atura?
- É melhor não David... - não resistimos e desmanchamo-nos a rir. 
- Poque é que tão a ri?
- Por nada pequeno - respondi-lhe, mexendo-lhe no cabelo.
- Percebeste o que nós te tentámos dizer? - perguntou-lhe a Ana. 
- Shim. A mamã e o papá Gomas, estavam a pedir um mano, mas tavam com calol. 
- É isso mesmo, campeão! - a Ana aliviou a tensão e riu. Entretanto entraram na sala o André e a Rita meio envergonhados. 
- Nós não sabíamos que vocês chegavam tão cedo - começou a Rita. 
- Pois...se calhar devia ter avisado. Desculpa - disse-lhe a Ana. 
A Rita, colocou-se de joelhos em frente do David, dando um beijo ao filho. 
- Dádá, a mãe tem de te explicar o que é que se passou. 
- A pima e o pimo Shalvio expicaram - ele...tinha acabado de me chamar primo Salvio? Olhei para a Ana, que tinha uma lágrima a escorrer-lhe pela cara, mas com um sorriso enorme nos lábios. 
Eu quero fazer parte de tudo na vida dela e ter o David a considerar-me primo...é o melhor que todo o esforço poderia ter dado. 
- E o que é que eles explicaram? - perguntou-lhe ela. 
- Que tu e o Dê tavam a pedi ao pai Natal e a chegona um mano. Mas que tavam com calol. Posho i bincar?
- Podes, filho. Claro! - o David saiu do sofá e a Rita levantou-se, colocando-se a lado do André. Também eu e a Ana nos levantámos e, institivamente, puxei a minha princesa para os meus braços.
- Pedir ao pai Natal e à cegonha um mano? Obrigada...a serio! - a Rita agradeceu, alíviada. 
- Não temos jeito de pais, mas demos o nosso melhor - a Ana falou, encostando a sua cabeça no meu peito. 
- E como é que correu o dia? Ele chamou primo Salvio...são grandes avanços. 
- Shalvio!?
- Diz campeão?
- Ques bincar?
- Claro! - fui ter com ele, sentando-me no chão para brincar com os carrinhos dele. Depressa o André se juntou a nós, deixando a Ana com a Rita. 

Ana:

- Conseguir juntá-los aos dois foi o melhor que podia ter acontecido - confessava à Rita, que me ouvia e questionava. 
- Mas correu tudo bem?
- Maravilhosamente! O David ainda não se lembrou mas tem montes de coisas para vos contar. 
- Pudera...encontrar-me na cama com o André fez o pequeno esquecer-se de tudo. 
- Rita...desculpa, a sério - desmanchei-me a rir, era impossível não o fazer. 
- Isso...eu estou para ver quando tiveres um Totito a entrar-te no quarto e tu com o Toto em cima. 
- O Dádá voltou a pedir um primo. Pediu ao Salvio.
- A serio?
- Sim. 
- E...?
- O Salvio disse que daqui a uns tempos pensamos em dar-lhe um primo. 
- Ele quer ter filhos Ana Maria...
- Eu também, sabes disso melhor que ninguém. 
- Acho que arranjas-te um belo pai. 
- Primeiro temos de começar os treinos e depois logo se vê. 
- Começar...ainda não houve nada entre vocês?
- Não...
- Tás a brincar!
- Não, não estou. 
- Estás! Só podes. 
- A serio Rita, em dois meses ainda não tive sexo com o Salvio. 
- Não parece nada. 
- Como assim?
- Andam sempre tão alegres e contentes...dá ideia que é todas as noites. 
- Rita! 
- Só estou a dizer a verdade!

Salvio:

Depois de algum tempo a brincar com o David e de a Ana estar a falar com a Rita, ela perguntou se podíamos ir para casa. Tinhamos combinado jantarmos juntos em minha casa e ela passava lá a noite. 
Despedimo-nos de todos e fomos para o Seixal. Assim que chegámos à porta de casa, lembrei-me de que não tinha contado uma coisa à Ana. 
- Mi amor...
- Sim? 
- Há uma coisa que não te contei. 
- O que? 
- Vamos entrar - abri a porta e fomos até à sala - eu comprei um cão. 
- A serio?
- Sim...Spike? - chamei o cão...tinha-me apaixonado por ele quando o vi. É mesmo querido e uma companhia para aqueles momentos em que a Ana não está. 
Ele veio da cozinha e vi que a Ana o adorou de imediato. 
- Que coisa mais linda! - ela pegou nele ao colo e o bicho deu-lhe logo uma lambidela no queixo - é mesmo lindo!
- E é nosso. 
- É teu. 
- E o que é meu é teu. Vamos tentar que ele seja o nosso Totito enquanto não vem um mais parecido contigo. 
- Salvio... - ela colocou o Spike no chão - os Totitos vão ser parecidos contigo. 
- Queres mais que um? - aproximei-me dela, rodeando-a com os meus braços. 
- Sempre mais que um. 
- Podem ser quatro?
- Quatro!?
- Eu tenho seis irmãos, estou habituado a casas com muita gente.
- Seis irmãos?
- Sim. Quatro rapazes e três raparigas.
- Mas tens noção que ter tantos filhos custa.
- Sim, eu sei, mas temos tempo de pensar nisso. Tenho de tirar uma foto com o Spike. 
- Para por no Instagram, claro!
- Sim, é para os meus pais verem. Quando mudar de casa vou trazer os outros. 
- Tens mais cães?
- Sim. Mais dois. A Lolla e o Maxi, que é igual ao Spike mas maior. 
- Precisas de um jardim para os cães. 
- E de quartos para os Totitos. 
- Sim - trocámos um beijo demorado, até que o interrompemos e fomos à procura do Spike. 
Ele andava escondido atrás do sofá, o que nos deu para tirar uma fotografia bem engraçada:

El Spike!! #Olé

O meu jeito para a cozinha é nenhum. E cada vez que a Ana está cá em casa, é como se a mamã viesse fazer o jantar. Ela cozinha super bem e tenta sempre que a minha alimentação seja equilibrada. 
Antes de irmos dormir ainda namorámos muito, o dia tinha sido cheio de provas de amor do David para mim, de mim para o David e tentei demonstrar isso também à Ana e sei que o consegui fazer porque ela diz-me e eu sinto que ela é a mulher mais feliz neste momento.