segunda-feira, 18 de março de 2013

Capítulo 25 “A ideia de ter mini-Gomas a correr pela casa agradava-me e muito”

(Rita)


-Queres namorar comigo princesa? – Senti o meu coração palpitar ferozmente, eu gostava dele mas será que estava preparada para termos uma relação tão séria? Não sei, mas vou deixar o meu destino e o meu futuro e do meu filho nas mãos do André, vou confiar nele como confiei o meu amor a ele ontem à noite. Como apenas tinha confiado a um homem antes e o resultado era visível, um filho. Para mim fazer amor não deve ser considerado algo natural num casal, não deve ser uma rotina. E acho que o amor de rotina tem pouco, e o que sinto pelo André não vai mudar tão cedo por isso, fé em Deus.  

-Sim, claro que sim bebé!   Encostei a minha cabeça ao seu peito e ele beijou a minha cabeça e eu beijei-lhe o peito, mais propriamente o seu peitoral. Estávamos despidos mas não era isso que causava vergonha ou embaraço entre nós. Mais do que namorados, nós éramos melhores amigos, irmãos e embora me pareça estranho ainda tenho de assumir que me é estranho dizer que o André “Gomas” é meu namorado. O problema não é dele, é mesmo  que sempre o vi como melhor amigo, irmão e companheiro e agora de repente tudo mudou... Para melhor confesso! Poderíamos ser melhores amigos durante toda a vida, podíamos trocar abraços e sermos quase tudo um para o outro mas não se comparava com o que agora vivíamos e o que sentia confirmava apenas as minhas suspeitas e os meus pensamentos. Continuava a adorá-lo como amigo mas agora havia outro sentimento, o amor. Aconcheguei-me nos seus braços e fechei os olhos e inspirei fundo. O seu perfume era intenso mas não enjoativo, era um perfume de homem como lhe gostava de chamar. Não era o perfume que ele usasse ou não, mas sim o seu cheiro natural. O seu perfume da Natureza como gostava de lhe chamar. 

-Gigante. - Olhei para cima porque a minha cabeça estava encostada ao seu peito. - O que é que sentes por mim? - Olhou-me pensativo, consegui decifrar pelos seus olhos brilhantes que não sabia o porquê deste pedido. Já tinha tido atitudes que comprovavam o que sentia mas eu gostava e queria ouvir da sua boca. Aliás dos seus lábios bem desenhados que só davam vontade de beijar, de os sentir novamente a tocar nos meus e de ficarmos assim juntos para sempre. Mas não podia... Não queria, gostava realmente dele mas também havia outras pessoas que gostava e o meu filho esse era sem dúvida alguma o homem da minha vida. Fazia parte dos meus planos ter mais filhos, não a curto nem médio prazo mas teria os. Quem sabe se o André não seria o pai e imaginar a ideia de ter "mini-Gomas" a correr pela casa agradava-me e muito! Quem era a mulher que não se importava? - É importante para mim que mo digas Gomas. - Sorrimos.  

-Queres que seja o André o teu melhor amigo ou o André o teu namorado? - Percebi logo a que ele queria chegar. E decidi brincar com ele. 

-Quem te disse que és o meu melhor amigo? Muito pode ter mudado durante a tua ausência.  

-Realmente mudou tudo desde a tua ausência.

-Tipo estes beijinhos. - Encostei os nossos lábios mas foi um beijo rápido como o primeiro que demos. - E não eras meu namorado. Oh porquito que tal ires tomar banho é que queria espreguiçar-me e tu és um gordo que ocupas a cama toda!  

-Ai é? - Pousou a minha cabeça na almofada e olhou para mim, eu mais baixa, ele mais alto. - Mas é este gordo sujo que tu adoras e que é teu namorado ou não é? - Começou a fazer-me cócegas nos pés, ele sabia perfeitamente que era o meu ponto fraco. Comecei a não aguentar e chorava de tanto rir. Não tinha como escapar ás cócegas deles, mas momento de brincadeira transforma-se em momento mais constrangedor e este transforma-se num momento de puro romance. Os beijos começam a progredir e a transformarem-se em toques ousados, em beijos mais sentidos e eu deixava-me levar, confiava-lhe a minha vida e deixava que ele seguisse tudo. Não foi preciso despirmos a roupa porque tínhamos adormecido como viemos ao mundo, mas no momento em que o André já está sobre mim e se preparava para avançar o Simão aparece no quarto e o meu namorado saltou para o meu lado esquerdo, encostei a minha cara ao corpo dele para esconder a minha face de vergonha e o André olhou para o Simão que rapidamente exclamou: 

-Desculpa mano não sabia que estavas acompanhado. - Ia a sair do quarto mas ainda perguntou. - Ritinha és tu? - Não sabia o que fazer não era a minha ideia começar esta manhã assim mas os planos saíram estragados. O Simão era um "Gomas", conhecia-o desde sempre, desde que conheço o André, e sempre nos demos bem, mas agora tudo era um pouco diferente, já não era o irmão do meu melhor amigo, era o meu cunhado, o irmão do meu namorado que quase nos apanhou a fazer amor. Não sabia o que responder por isso o André fê-lo por mim: 

-Não sabes bater á porta antes de entrar? – Ergeu o tom de voz.

-Não fales assim com o teu irmão André. – Levantei a minha cabeça e olhei para os dois.

-Aprende alguma coisa com a tua namorada mano.

-Namorada?! – Perguntei eu e o André em coro. Não era difícil prever que o Simão chegaria a esta brilhante conclusão, os dois deitados na mesma cama e eu tinha entendido e ele nem tinha dado conta só podia significar que havia algo mais que a amizade.

-Sim… - Fez uma curta pausa. – Ao final de 19 anos de existência entenderam finalmente que gostavam um do outro: Aleluia! – Fiquei envergonhada, eu por razão nenhuma tinha imaginado que um dia fossemos mais que amigos. Nem mesmo quando os meus amigos de infância me diziam que o nosso destino era junto, via-o como um irmão nada mais. E o namoro com o Miguel foi duradouro, e pouco depois do nascimento do David, o destino tratou de me separar do André e agora juntou-nos novamente numa nova aventura, o amor.

-Parece que demorou mas conseguimos. – Beijou-me a testa. – Apresento-te oficialmente a minha namorada, tua cunhada Rita. – Sentamo-nos e enquanto cobri o meu corpo pela manta o André deixou descair deixando o seu peito à descoberta.

-Gostava de te dar um beijo mas não estou nas melhores condições de conhecer o meu cunhado. – Rimos. – Desculpa Simão. Mas vou-te dar um beijo noutra altura.

-Sim porque a namorada é minha não é para tu olhares para ela! – Olhei-o um tanto chateada.

-Vou-me embora daqui que estou a fazer de vela. O pequeno-almoço está na mesa. – Dito isto fechou a porta e ficamos só nós, os dois, novamente naquela cama grande e espaçosa.

-Podemos voltar onde estávamos. – Disse ele e deitou-se na cama, fez pressão sobre as minhas costas e deitando-me ao lado dele, beijei o seu pescoço e sussurrei:

-Sabes que te adoro não sabes? – Coloquei a minha mão na sua bochecha e comecei a beijar os seus ombros. Fechou os olhos e acenou positivamente com a cabeça. – Agora vamos ao que interessa. – Demos um beijo apaixonado e acabamos por fazer amor. Depois fomos tomar banho juntos, trocamos miminhos e carinhos mas tentamos não nos demorar, ele tinha treino e não se podia atrasar e eu tinha de ir trabalhar, não que tivesse muita vontade mas tinha de ganhar dinheiro para não faltar nada ao meu filho.
Fomos novamente para o quarto e enquanto ele vestia uma roupa do seu armário eu fiquei sem saber o que fazer, tinha trazido apenas o meu pijama, por isso disse:

-O que é que visto? – Perguntei enquanto ele vestia as calças. – E como vou para casa? – Ele foi até á gaveta e tirou uma camisola comprida e um casaco comprido, vesti-o e ficava-me realmente gigante mas por enquanto teria de servir. Não tinha tempo de ir a casa, e na creche onde trabalho tenho roupa por isso vestiria lá alguma roupa.

-E agora quem é demora anos a vestir umas calças? – Sorri e aproximei-me dele e dei-lhe um beijo. Depois endireitei-me e vesti os collants que por sorte tinha trazido vestidas debaixo do pijama, não era o look perfeito e nunca me preocupei muito com isso mas tinha de servir, quem me mandou fazer uma visita surpresa de noite?

-Continuas a ser tu! – Começou-me a fazer cócegas e eu chorei a rir. Trocamos mais alguns beijos apaixonados e fomos entre brincadeiras até à cozinha, havia um papel em cima da mesa que dizia:

“Vi que estava a fazer de vela por isso fui-me embora mas deixei aqui um pequeno-almoço bem romântico só para vocês. Descansem que não conto a ninguém do vosso segredo! Beijinhos para a minha cunhada Ritinha e um abraço para o meu mano.”

Realmente a mesa estava bem preparada, era bastante chamativa mesmo mas eu tinha de ir trabalhar.


-Pequenina eu sei que tens de ir trabalhar mas consegues resistir a esta delícia preparada especialmente pelo Simãozinho?

-Não sei tenho mesmo de ir… Mas o que vale é que não resisto a este pequeno-almoço.

-E a mim consegues resistir? – Olhou-me com o olhar irresistível.

 -Tu não me olhes assim que fico envergonhada.

-Tens vergonha com o teu próprio namorado? – Abraçou-me e beijou-me a testa, a diferença de alturas era notória mas mesmo assim não me sentia inferior. Antes pelo contrário. Sentia-me segura nos seus braços. Embora colada a ele respondi:

-Claro que não, nunca tive vergonha contigo, nunca! – Dei-lhe um beijo no peito e aconcheguei-me. – Sabes que ainda parece estranho ouvir-te chamar de tua namorada?

-Ainda não te habituaste e eu também não mas é natural, mas pensa vais ouvir-me chamar-te de minha para o resto da nossa vida. Por enquanto é namorada, mais tarde será esposa e daqui a uns anos mãe dos meus filhos.

-Tu a seres meu namorado já és quase pai do David Chimão. – Imitei a forma como o pequeno dizia o seu nome. – Queres ficar comigo até ao último dia da tua vida? - Olhei para cima e ele olhou-me também, senti-me corar, não esperava que ele nos imaginasse casados e pais de filhos, embora já tivéssemos experimentado o gosto de educar um filho, embora não fosse dele, era meu e ele tratava-o como seu.

-Quero muito. Agora que estamos juntos é para nunca mais nos separarmos. – Beijamo-nos com muito desejo, muito sentida e romântica. Era dele que precisava neste momento, era dele que precisava para o resto da minha vida, era ele e só ele que eu queria que fosse o meu homem, tenho a certeza absoluta que será um excelente pai e marido, pois enquanto padrasto e namorado já o é.

-Amor deixa-me só ligar ao meu chefe e vai comendo.

-Eu espero por ti para tomarmos o pequeno-almoço juntos.

Fui até á mala e tirei o telemóvel, o André colocou-se atrás de mim e pôs as mãos sobre a minha barriga, a cabeça dele pousou sobre a minha e eu estava perdida no seu perfume, era tão bom. Tão chamativo mas tão suave, era forte mas não enjoativo, apaixonante e de uma forma estranha… Viciante! Perdida nele e no seu perfume quase que não ouvi-a que o meu chefe já tinha atendido a chamada.

Chamada

-Rita? Rita? Estás aí?

-Sim, desculpe senhor Tomás. Estava… Distraída! – Disse a verdade, escusado era dizer a razão que me causava assim.

- Eu entendi. Mas ligaste-me por algum motivo em especial?

-Sim, ocorreu uma emergência na madrugada de ontem. – O André sorriu e eu sorri também, trocamos um olhar cúmplice. – E hoje vou chegar um pouco atrasada á creche.

-Eu dou-te o dia de folga, trata lá dessa emergência.

-Mas já está tratada mas obrigada senhor Tomás.

-Não insistas, hoje tens o dia, aliás o de hoje e amanhã porque és de longe e podes precisar e assim como estamos próximos do fim-de-semana aproveitas.

-Obrigada senhor Tomás. Não sei como lhe agradecer.

-Aparece por volta das 10h porque tenho uma notícia não muito boa para te dar.

-Mas é algo de grave?

-É motivo para te alarmares. Mas prefiro dizer-te pessoalmente.

-Lá estarei. Então até já e mais uma vez muito obrigada.

-De nada. Até já.

Fim de Chamada

-Então amor? Que foi que te disse o teu chefe?

-Deu-me o dia de hoje e amanhã, mas vamos ter uma reunião às 10h porque tem uma notícia para me dar e não me pareceu que fosse muito boa.

-Estás preocupada princesa?

-Sim. Mas agora vou tomar o pequeno-almoço com o meu amor depois logo se vê.

-Fazes muito bem. Então quer dizer que á tarde estás por minha conta?

-Sim. Enquanto vais ao treino de manhã eu vou á reunião depois almoçamos aqui e á tarde ficamos por minha casa.

-E isso quer dizer que podemos fazer o que quisermos? – Aproximou-se de mim e pegou-me ao colo, sentou-me na bancada e colocou-se á minha frente e começou a beijar-me mas eu resisti.

-Se isso incluir fazer limpezas sim! - Saltei da bancada, dei-lhe a mão e sentamo-nos na mesa. Começamos a comer e falávamos:

-Amor e vamos contar ao David que namoramos?

-Vais jantar lá em casa com o pequeno, com a minha prima e com o Rodrigo, leva também o Simão e depois logo se vê.

-Está bem princesa. Agora é melhor despacharmo-nos.

-Tens razão. Mas primeiro dás-me um cachecol? Estou com frio na garganta e não a quero levar a descoberto.

-Claro! Toma este. – Tinha uma gola na garganta e tirou-o, tinha de o dobrar um pouco para não me ficar gigante mas assim que o pus senti o seu perfume entranhar-se no meu nariz, estava viciada nele e no seu perfume.



(Atenção: Este cachecol pertencia mesmo ao próprio “Gomas”)

- Obrigado matulão. Agora vamos embora que ainda tenho que ir a casa mudar de roupa.

-Acho que estás muito bem assim. Estás ainda mais sexy. – Beijamo-nos e de seguida arrumamos a cozinha. Fomos até ao carro e ele levou-me até casa e seguiu até ao CFC, pedi-lhe para agradecer á minha prima por ter ficado com o pequeno ontem á noite. Custou-me despedir dele, iria ter tantas saudades, mas lazer é lazer, trabalho é trabalho.

Entrei em casa e mudei de roupa, queria algo mais formal para ter uma reunião com o meu chefe, por isso optei por uma camisa branca, um casaco azul claro e umas calças de ganga, um conjunto simples mas formal. A gola do André não iria ficar em casa por isso decidi juntá-lo ao conjunto.


Já no carro mandei uma mensagem ao André, não sabia se já estava no treino mas na mesma mandei uma mensagem, mais tarde iria vê-la:

“Será possível que já estou a morrer de saudades tuas? Mas pensa positivo já falta pouco para estarmos juntos outra vez! Bom treino! Adoro-te matulão <3 Adoro-te namorado melhor do mundo”

Liguei o carro e segui viagem até á creche onde trabalhava e o meu filho frequentava, tive de ir um pouco mais cedo para o ver e estar com ele e mais tarde ir para a reunião. A viagem era consideravelmente curta e ouvi o telemóvel a apitar mensagem, só poderia ser uma pessoa, depois de estacionar o carro consegui ver:

De: Meu Homem

É possível sim! Eu também morro de saudades tuas! Cada segundo longe de ti parece uma eternidade mas pensa positivo temos o dia todo por nossa conta. E olha… Boa reunião! Já falei com a tua prima e ela disse que foi na boa ficar com o pequeno e que foi por uma boa causa mas eu não lhe disse que estamos juntos embora ela me tivesse perguntado… Eu adoro-te mais minha pequenina e melhor namorada do mundo <3 14 de Dezembro para SEMPRE!

Sorri ao ler aquela mensagem, sentia-me completamente, eu amava e era amada, totalmente correspondida, ele aceitava o David e dava-me tudo o que precisava, era tudo o que amava. Confiava nele e ele em mim.

Entrei na creche e mentalizei-me que estava preparada para tudo, ou será que não?


Como correrá a reunião com o chefe? Que notícia terá ele a dar?

Como correrá o dia juntos? Será que vão assumir que namoram durante o jantar?

sábado, 16 de março de 2013

Capitulo 24 - "Pode Dar Em Nada"

(Ana)


Depois do nosso momento, fomos buscar o David ao infantário. Praticamente não falámos...ficou um ambiente super estranho...mas bom. Estávamos próximos, mas sem tocar neste assunto. 
Chegámos ao infantário do David, eu saí do carro do Rodrigo, fui até à porta do edificio e esperei que a abrissem para ir buscar o pimpolho. 
Quando a educadora abriu a porta, eu entrei, fui buscar a mochila do David e o casaquinho dele. Passado algum tempo chegou ele ao pé de mim. 

- Pima! - baixei-me junto a ele, que me deu um beijo na bochecha, e vesti-lhe o casaco. 

- Como é que foi a escolinha?

- Foi boa. Fizemos desenhos e eu fiz tu, a mamã, o Godigo e o Gomas, comigo. 

- Tens de me mostrar isso. 

- Não posso. Vai ficar na escola...mas poxo faxer oto.

- Então quando fizeres também tens de mostrar ao Rodrigo. 

- Ewe também veio?

- Veio.

- Então anda - ele agarrou na minha mão e puxou-me dali para fora. 
Fomos para o exterior do infantário e levei o David até ao carro do Rodrigo. que estava mais afastado do local. O Rodrigo já estava fora do carro, parado na parte da frente do mesmo. 

- Godigo! - o David soltou a minha mão e foi a correr ter com o Rodrigo. Eu apressei-me, também, a ir ter com eles. Quando cheguei perto dele, coloquei a minha mão nas costas do Rodrigo, que me olhou, voltando, de seguida, a olhar para o David. 

- Cê tá pronto para ir para casa? 

- Vamos para a tua casa?

- Não sei...cê quer ir?

- A prima vai?

- Mas é claro que sim - respondi.

- Então vamos! - disse o David...as nossas estadas em casa do Rodrigo já eram muito habituais pelo que já estávamos bastante familiarizados com todas as divisões da casa dele. 
Chegamos bastante depressa a casa do Rodrigo e, antes de decidir-mos o que fazer, demos o lanche ao David. 

- Godigo, podemos joga ao teu jogo? - o David perguntou ao Rodrigo. Ultimamente o Rodrigo jogava bastantes vezes com o David...ao "Foge, Esconde e Assusta". Era um jogo que o Rodrigo tinha inventado, para brincar com o David. 

- Hoje a gente vai fazer muita coisa...mas não vai jogar ao nosso jogo, não.

- Poque?

- To precisando da sua ajuda e da sua prima para arranjar a minha casa.

- Arranjar a casa?

- Sim...tá precisando de uma mudança.

- Vamos limpa? Como a pima e a mamã faxem?

- Não...tava mais pensando em...a gente fazer a decoração de Natal - o David olhou para mim confuso.

- E a mamã? E o Gomas? Não faxem com nós?

- Amor...o Rodrigo está a falar na decoração aqui da casa dele. Depois a da nossa casa é com a mamã e o André. 

- Então vamos faxer duas avores de Natal?

- É isso mesmo! - respondeu-lhe o Rodrigo.

- Boa! - o David ficou todo animado, terminou o seu lanche e fomos todos até à sala.

- Bem...eu não tenho é muita coisa pra por na casa... - falou o Rodrigo.

- Não tens ávore?

- Tenho. Cê quer ver?

- Shim. 

- Vem comigo - o David deu a mão ao Rodrigo e foram para outra divisão da casa, enquanto que eu fui arrumar a bagunça em que estava o quarto do Rodrigo...tinha acontecido tudo sem ter pensado...sem ter medo...e não me sentia bem com isto...a minha cabeça não anda em condições de pensar..e depois só faz é porcaria. Tenho a perfeita noção de que as coisas com o Rodrigo podem dar em nada, por causa dos meus medos, por causa das minhas inseguranças...mas está na altura de eu arranjar alguém, mas que pode-se não ser jogador da bola. 

- Pima? - chamou o David, despertando-me. 
Fui até à sala e estavam os dois sentados no sofá a olhar para a árvore de Natal que estava em cima da mesa de centro. Era pequenina...mas o Rodrigo não costuma passar o Natal em Portugal. 

- Estou aqui - disse.

- Pima, o Godigo pecisa de cosas de Natal. A ávore dewe é tão piquinina.

- Oh...mas isso é porque o Rodrigo não costuma passar o Natal dele aqui?

- Mas então paxa onde? Esta é a casa dele! 

- Sim...é a casa dele, mas ele costuma ir passar o Natal com a família dele, ao Brasil.

- Também vais agora? - perguntou ele ao Rodrigo. 

- Agorinha não...mas esse Natal eu vou ficar cá com você, se quiser. 

- E com a pima? - olhei para o Rodrigo...por mais que tentássemos escapar ao "nós", o David metia-se sempre por fazer o arranjo. 

- Sim. Com ela também. Mas! Podemos ir comprar tudo o que é preciso, ou não?

- Vamos! Vamos!

- Cês querem ir comigo? - perguntou o Rodrigo para o geral.

- Vamos - o David levantou-se e foi vestir o casaco.
Eu e o Rodrigo também nos levantamos e falei baixinho para ele:

- A gente tá precisando de falar - imitei o sotaque dele. 

- Sim...a gente tem de falar mesmo. 
Fomos ter com o David e saímos de casa. Fomos até ao carro do Rodrigo e seguimos para o centro comercial mais perto. 
Compramos de tudo: uma árvores, bolas douradas, vermelhas e prateadas  a estrela que o David escolheu e, até, um mini presépio. 
No caminho de volta para casa o David ia super animado...mas cerca de 15 minutos depois de estar a conduzir, ficou super calado. Eu olhei para ele e reparei que tinha adormecido.

- Tava cansado - disse o Rodrigo, depois de constatar o mesmo que eu, olhando pelo retrovisor.

- Pois estava...

- Cê quer falar agora? 

- Acho que sim...Rodrigo...nós temos de ir com mais calma...o que aconteceu hoje foi um impulso meu e eu não o devia ter seguido.

- Cê está arrependida?

- Não totalmente...mas em parte sim. Tu sabes o que eu sinto e sabes os meus medos...o que nós temos pode dar em nada...ou numa bela amizade. 

- Cê tem razão...vamo com mais calma então.
Seguimos viagem e nem falamos mais no assunto.
Quando chegamos a casa, coloquei o David a dormir na cama do Rodrigo e comecei, com ele, a montar tudo, menos a estrela no topo da árvore de Natal, que era para o David por. 


Que impacto terá esta conversa no futuro dos dois?
Serão eles algo mais?