-Queres namorar comigo princesa?
– Senti o meu coração palpitar
ferozmente, eu gostava dele mas será que estava preparada para termos uma
relação tão séria? Não sei, mas vou deixar o meu destino e o meu futuro e do
meu filho nas mãos do André, vou confiar nele como confiei o meu amor a ele
ontem à noite. Como apenas tinha confiado a um homem antes e o resultado era
visível, um filho. Para mim fazer amor não deve ser considerado algo natural
num casal, não deve ser uma rotina. E acho que o amor de rotina tem pouco, e o
que sinto pelo André não vai mudar tão cedo por isso, fé em Deus.
-Sim, claro que sim bebé! – Encostei a minha cabeça ao seu
peito e ele beijou a minha cabeça e eu beijei-lhe o peito, mais propriamente o
seu peitoral. Estávamos despidos mas não era isso que causava vergonha ou
embaraço entre nós. Mais do que namorados, nós éramos melhores amigos, irmãos e
embora me pareça estranho ainda tenho de assumir que me é estranho dizer que o
André “Gomas” é meu namorado. O problema não é dele, é mesmo que sempre o
vi como melhor amigo, irmão e companheiro e agora de repente tudo mudou... Para
melhor confesso! Poderíamos ser melhores amigos durante toda a vida, podíamos
trocar abraços e sermos quase tudo um para o outro mas não se comparava com o
que agora vivíamos e o que sentia confirmava apenas as minhas suspeitas e os
meus pensamentos. Continuava a adorá-lo como amigo mas agora havia outro
sentimento, o amor. Aconcheguei-me nos seus braços e fechei os olhos e inspirei
fundo. O seu perfume era intenso mas não enjoativo, era um perfume de homem
como lhe gostava de chamar. Não era o perfume que ele usasse ou não, mas sim o
seu cheiro natural. O seu perfume da Natureza como gostava de lhe chamar.
-Gigante. - Olhei
para cima porque a minha cabeça estava encostada ao seu peito. - O que é
que sentes por mim? - Olhou-me pensativo, consegui decifrar pelos seus olhos
brilhantes que não sabia o porquê deste pedido. Já tinha tido atitudes que
comprovavam o que sentia mas eu gostava e queria ouvir da sua boca. Aliás dos
seus lábios bem desenhados que só davam vontade de beijar, de os sentir novamente
a tocar nos meus e de ficarmos assim juntos para sempre. Mas não podia... Não
queria, gostava realmente dele mas também havia outras pessoas que gostava e o
meu filho esse era sem dúvida alguma o homem da minha vida. Fazia parte dos
meus planos ter mais filhos, não a curto nem médio prazo mas teria os. Quem
sabe se o André não seria o pai e imaginar a ideia de ter "mini-Gomas" a correr
pela casa agradava-me e muito! Quem era a mulher que não se importava? - É
importante para mim que mo digas Gomas. - Sorrimos.
-Queres que seja o André
o teu melhor amigo ou o André o teu namorado? - Percebi
logo a que ele queria chegar. E decidi brincar com ele.
-Quem te disse que és o
meu melhor amigo? Muito pode ter mudado durante a tua ausência.
-Realmente mudou tudo
desde a tua ausência.
-Tipo estes beijinhos. - Encostei
os nossos lábios mas foi um beijo rápido como o primeiro que demos. - E não
eras meu namorado. Oh porquito que tal ires tomar banho é que queria
espreguiçar-me e tu és um gordo que ocupas a cama toda!
-Ai é? - Pousou
a minha cabeça na almofada e olhou para mim, eu mais baixa, ele mais alto. - Mas é
este gordo sujo que tu adoras e que é teu namorado ou não é? - Começou
a fazer-me cócegas nos pés, ele sabia perfeitamente que era o meu ponto fraco.
Comecei a não aguentar e chorava de tanto rir. Não tinha como escapar ás
cócegas deles, mas momento de brincadeira transforma-se em momento mais
constrangedor e este transforma-se num momento de puro romance. Os beijos
começam a progredir e a transformarem-se em toques ousados, em beijos mais
sentidos e eu deixava-me levar, confiava-lhe a minha vida e deixava que ele
seguisse tudo. Não foi preciso despirmos a roupa porque tínhamos adormecido
como viemos ao mundo, mas no momento em que o André já está sobre mim e se
preparava para avançar o Simão aparece no quarto e o meu namorado saltou para o
meu lado esquerdo, encostei a minha cara ao corpo dele para esconder a minha
face de vergonha e o André olhou para o Simão que rapidamente exclamou:
-Desculpa mano não sabia
que estavas acompanhado. - Ia a sair do quarto mas ainda perguntou. - Ritinha
és tu? - Não sabia o que fazer não era a minha ideia começar esta
manhã assim mas os planos saíram estragados. O Simão era um "Gomas",
conhecia-o desde sempre, desde que conheço o André, e sempre nos demos bem, mas
agora tudo era um pouco diferente, já não era o irmão do meu melhor amigo, era
o meu cunhado, o irmão do meu namorado que quase nos apanhou a fazer amor. Não
sabia o que responder por isso o André fê-lo por mim:
-Não
sabes bater á porta antes de entrar? – Ergeu o tom de voz.
-Não
fales assim com o teu irmão André. – Levantei a minha cabeça e olhei para
os dois.
-Aprende
alguma coisa com a tua namorada mano.
-Namorada?!
– Perguntei eu e o André em coro. Não era difícil prever que o Simão
chegaria a esta brilhante conclusão, os dois deitados na mesma cama e eu tinha
entendido e ele nem tinha dado conta só podia significar que havia algo mais
que a amizade.
-Sim…
- Fez uma curta pausa. – Ao final de
19 anos de existência entenderam finalmente que gostavam um do outro: Aleluia!
– Fiquei envergonhada, eu por razão nenhuma tinha imaginado que um dia
fossemos mais que amigos. Nem mesmo quando os meus amigos de infância me diziam
que o nosso destino era junto, via-o como um irmão nada mais. E o namoro com o
Miguel foi duradouro, e pouco depois do nascimento do David, o destino tratou
de me separar do André e agora juntou-nos novamente numa nova aventura, o amor.
-Parece
que demorou mas conseguimos. – Beijou-me a testa. – Apresento-te oficialmente a minha namorada, tua cunhada Rita. – Sentamo-nos
e enquanto cobri o meu corpo pela manta o André deixou descair deixando o seu
peito à descoberta.
-Gostava
de te dar um beijo mas não estou nas melhores condições de conhecer o meu
cunhado. – Rimos. – Desculpa Simão.
Mas vou-te dar um beijo noutra altura.
-Sim
porque a namorada é minha não é para tu olhares para ela! – Olhei-o um
tanto chateada.
-Vou-me
embora daqui que estou a fazer de vela. O pequeno-almoço está na mesa. – Dito
isto fechou a porta e ficamos só nós, os dois, novamente naquela cama grande e
espaçosa.
-Podemos
voltar onde estávamos. – Disse ele e deitou-se na cama, fez pressão sobre
as minhas costas e deitando-me ao lado dele, beijei o seu pescoço e sussurrei:
-Sabes
que te adoro não sabes? – Coloquei a minha mão na sua bochecha e comecei a
beijar os seus ombros. Fechou os olhos e acenou positivamente com a cabeça. – Agora vamos ao que interessa. – Demos
um beijo apaixonado e acabamos por fazer amor. Depois fomos tomar banho juntos,
trocamos miminhos e carinhos mas tentamos não nos demorar, ele tinha treino e
não se podia atrasar e eu tinha de ir trabalhar, não que tivesse muita vontade
mas tinha de ganhar dinheiro para não faltar nada ao meu filho.
Fomos novamente para o quarto e
enquanto ele vestia uma roupa do seu armário eu fiquei sem saber o que fazer,
tinha trazido apenas o meu pijama, por isso disse:
-O
que é que visto? – Perguntei enquanto ele vestia as calças. – E como vou para casa? – Ele foi até á
gaveta e tirou uma camisola comprida e um casaco comprido, vesti-o e ficava-me
realmente gigante mas por enquanto teria de servir. Não tinha tempo de ir a
casa, e na creche onde trabalho tenho roupa por isso vestiria lá alguma roupa.
-E
agora quem é demora anos a vestir umas calças? – Sorri e aproximei-me dele
e dei-lhe um beijo. Depois endireitei-me e vesti os collants que por sorte
tinha trazido vestidas debaixo do pijama, não era o look perfeito e nunca me
preocupei muito com isso mas tinha de servir, quem me mandou fazer uma visita
surpresa de noite?
-Continuas a
ser tu! – Começou-me a fazer cócegas e eu chorei a rir. Trocamos mais
alguns beijos apaixonados e fomos entre brincadeiras até à cozinha, havia um
papel em cima da mesa que dizia:
“Vi que estava a
fazer de vela por isso fui-me embora mas deixei aqui um pequeno-almoço bem
romântico só para vocês. Descansem que não conto a ninguém do vosso segredo!
Beijinhos para a minha cunhada Ritinha e um abraço para o meu mano.”
Realmente a mesa estava bem preparada, era bastante
chamativa mesmo mas eu tinha de ir trabalhar.
-Pequenina eu
sei que tens de ir trabalhar mas consegues resistir a esta delícia preparada
especialmente pelo Simãozinho?
-Não sei tenho
mesmo de ir… Mas o que vale é que não resisto a este pequeno-almoço.
-E a mim
consegues resistir? – Olhou-me com o olhar irresistível.
-Tu não me
olhes assim que fico envergonhada.
-Tens vergonha
com o teu próprio namorado? – Abraçou-me e beijou-me a testa, a diferença
de alturas era notória mas mesmo assim não me sentia inferior. Antes pelo
contrário. Sentia-me segura nos seus braços. Embora colada a ele respondi:
-Claro que não,
nunca tive vergonha contigo, nunca! – Dei-lhe um beijo no peito e
aconcheguei-me. – Sabes que ainda parece
estranho ouvir-te chamar de tua namorada?
-Ainda não te
habituaste e eu também não mas é natural, mas pensa vais ouvir-me chamar-te de
minha para o resto da nossa vida. Por enquanto é namorada, mais tarde será
esposa e daqui a uns anos mãe dos meus filhos.
-Tu a seres meu
namorado já és quase pai do David Chimão. – Imitei a forma como o pequeno
dizia o seu nome. – Queres ficar comigo
até ao último dia da tua vida? - Olhei para cima e ele olhou-me também,
senti-me corar, não esperava que ele nos imaginasse casados e pais de filhos,
embora já tivéssemos experimentado o gosto de educar um filho, embora não fosse
dele, era meu e ele tratava-o como seu.
-Quero muito.
Agora que estamos juntos é para nunca mais nos separarmos. – Beijamo-nos
com muito desejo, muito sentida e romântica. Era dele que precisava neste
momento, era dele que precisava para o resto da minha vida, era ele e só ele que
eu queria que fosse o meu homem, tenho a certeza absoluta que será um excelente
pai e marido, pois enquanto padrasto e namorado já o é.
-Amor deixa-me
só ligar ao meu chefe e vai comendo.
-Eu espero por
ti para tomarmos o pequeno-almoço juntos.
Fui até á mala e tirei o telemóvel, o André colocou-se
atrás de mim e pôs as mãos sobre a minha barriga, a cabeça dele pousou sobre a
minha e eu estava perdida no seu perfume, era tão bom. Tão chamativo mas tão
suave, era forte mas não enjoativo, apaixonante e de uma forma estranha…
Viciante! Perdida nele e no seu perfume quase que não ouvi-a que o meu chefe já
tinha atendido a chamada.
Chamada
-Rita? Rita?
Estás aí?
-Sim, desculpe
senhor Tomás. Estava… Distraída! – Disse a verdade, escusado era dizer a
razão que me causava assim.
- Eu entendi.
Mas ligaste-me por algum motivo em especial?
-Sim, ocorreu
uma emergência na madrugada de ontem. – O André sorriu e eu sorri também,
trocamos um olhar cúmplice. – E hoje vou
chegar um pouco atrasada á creche.
-Eu dou-te o
dia de folga, trata lá dessa emergência.
-Mas já está
tratada mas obrigada senhor Tomás.
-Não insistas,
hoje tens o dia, aliás o de hoje e amanhã porque és de longe e podes precisar e
assim como estamos próximos do fim-de-semana aproveitas.
-Obrigada
senhor Tomás. Não sei como lhe agradecer.
-Aparece por
volta das 10h porque tenho uma notícia não muito boa para te dar.
-Mas é algo de
grave?
-É motivo para
te alarmares. Mas prefiro dizer-te pessoalmente.
-Lá estarei.
Então até já e mais uma vez muito obrigada.
-De nada. Até
já.
Fim de Chamada
-Então amor?
Que foi que te disse o teu chefe?
-Deu-me o dia
de hoje e amanhã, mas vamos ter uma reunião às 10h porque tem uma notícia para
me dar e não me pareceu que fosse muito boa.
-Estás preocupada
princesa?
-Sim. Mas agora
vou tomar o pequeno-almoço com o meu amor depois logo se vê.
-Fazes muito
bem. Então quer dizer que á tarde estás por minha conta?
-Sim. Enquanto
vais ao treino de manhã eu vou á reunião depois almoçamos aqui e á tarde ficamos
por minha casa.
-E isso quer
dizer que podemos fazer o que quisermos? – Aproximou-se de mim e pegou-me
ao colo, sentou-me na bancada e colocou-se á minha frente e começou a beijar-me
mas eu resisti.
-Se isso
incluir fazer limpezas sim! - Saltei da bancada, dei-lhe a mão e
sentamo-nos na mesa. Começamos a comer e falávamos:
-Amor e vamos
contar ao David que namoramos?
-Vais jantar lá
em casa com o pequeno, com a minha prima e com o Rodrigo, leva também o Simão e
depois logo se vê.
-Está bem
princesa. Agora é melhor despacharmo-nos.
-Tens razão.
Mas primeiro dás-me um cachecol? Estou com frio na garganta e não a quero levar
a descoberto.
-Claro! Toma
este. – Tinha uma gola na garganta e tirou-o, tinha de o dobrar um pouco
para não me ficar gigante mas assim que o pus senti o seu perfume entranhar-se
no meu nariz, estava viciada nele e no seu perfume.
(Atenção: Este
cachecol pertencia mesmo ao próprio “Gomas”)
- Obrigado
matulão. Agora vamos embora que ainda tenho que ir a casa mudar de roupa.
-Acho que estás
muito bem assim. Estás ainda mais sexy. – Beijamo-nos e de seguida
arrumamos a cozinha. Fomos até ao carro e ele levou-me até casa e seguiu até ao
CFC, pedi-lhe para agradecer á minha prima por ter ficado com o pequeno ontem á
noite. Custou-me despedir dele, iria ter tantas saudades, mas lazer é lazer,
trabalho é trabalho.
Entrei em casa e mudei de roupa, queria algo mais
formal para ter uma reunião com o meu chefe, por isso optei por uma camisa
branca, um casaco azul claro e umas calças de ganga, um conjunto simples mas
formal. A gola do André não iria ficar em casa por isso decidi juntá-lo ao
conjunto.
Já no carro mandei uma mensagem ao André, não sabia se
já estava no treino mas na mesma mandei uma mensagem, mais tarde iria vê-la:
“Será possível
que já estou a morrer de saudades tuas? Mas pensa positivo já falta pouco para
estarmos juntos outra vez! Bom treino! Adoro-te matulão <3 Adoro-te namorado
melhor do mundo”
Liguei o carro e segui viagem até á creche onde trabalhava
e o meu filho frequentava, tive de ir um pouco mais cedo para o ver e estar com
ele e mais tarde ir para a reunião. A viagem era consideravelmente curta e ouvi
o telemóvel a apitar mensagem, só poderia ser uma pessoa, depois de estacionar
o carro consegui ver:
De: Meu Homem
É possível sim!
Eu também morro de saudades tuas! Cada segundo longe de ti parece uma
eternidade mas pensa positivo temos o dia todo por nossa conta. E olha… Boa
reunião! Já falei com a tua prima e ela disse que foi na boa ficar com o
pequeno e que foi por uma boa causa mas eu não lhe disse que estamos juntos
embora ela me tivesse perguntado… Eu adoro-te mais minha pequenina e melhor
namorada do mundo <3 14 de Dezembro para SEMPRE!
Sorri ao ler aquela mensagem, sentia-me completamente,
eu amava e era amada, totalmente correspondida, ele aceitava o David e dava-me
tudo o que precisava, era tudo o que amava. Confiava nele e ele em mim.
Entrei na creche e mentalizei-me que estava preparada
para tudo, ou será que não?
Como
correrá a reunião com o chefe? Que notícia terá ele a dar?
Como
correrá o dia juntos? Será que vão assumir que namoram durante o jantar?