sábado, 16 de março de 2013

Capitulo 24 - "Pode Dar Em Nada"

(Ana)


Depois do nosso momento, fomos buscar o David ao infantário. Praticamente não falámos...ficou um ambiente super estranho...mas bom. Estávamos próximos, mas sem tocar neste assunto. 
Chegámos ao infantário do David, eu saí do carro do Rodrigo, fui até à porta do edificio e esperei que a abrissem para ir buscar o pimpolho. 
Quando a educadora abriu a porta, eu entrei, fui buscar a mochila do David e o casaquinho dele. Passado algum tempo chegou ele ao pé de mim. 

- Pima! - baixei-me junto a ele, que me deu um beijo na bochecha, e vesti-lhe o casaco. 

- Como é que foi a escolinha?

- Foi boa. Fizemos desenhos e eu fiz tu, a mamã, o Godigo e o Gomas, comigo. 

- Tens de me mostrar isso. 

- Não posso. Vai ficar na escola...mas poxo faxer oto.

- Então quando fizeres também tens de mostrar ao Rodrigo. 

- Ewe também veio?

- Veio.

- Então anda - ele agarrou na minha mão e puxou-me dali para fora. 
Fomos para o exterior do infantário e levei o David até ao carro do Rodrigo. que estava mais afastado do local. O Rodrigo já estava fora do carro, parado na parte da frente do mesmo. 

- Godigo! - o David soltou a minha mão e foi a correr ter com o Rodrigo. Eu apressei-me, também, a ir ter com eles. Quando cheguei perto dele, coloquei a minha mão nas costas do Rodrigo, que me olhou, voltando, de seguida, a olhar para o David. 

- Cê tá pronto para ir para casa? 

- Vamos para a tua casa?

- Não sei...cê quer ir?

- A prima vai?

- Mas é claro que sim - respondi.

- Então vamos! - disse o David...as nossas estadas em casa do Rodrigo já eram muito habituais pelo que já estávamos bastante familiarizados com todas as divisões da casa dele. 
Chegamos bastante depressa a casa do Rodrigo e, antes de decidir-mos o que fazer, demos o lanche ao David. 

- Godigo, podemos joga ao teu jogo? - o David perguntou ao Rodrigo. Ultimamente o Rodrigo jogava bastantes vezes com o David...ao "Foge, Esconde e Assusta". Era um jogo que o Rodrigo tinha inventado, para brincar com o David. 

- Hoje a gente vai fazer muita coisa...mas não vai jogar ao nosso jogo, não.

- Poque?

- To precisando da sua ajuda e da sua prima para arranjar a minha casa.

- Arranjar a casa?

- Sim...tá precisando de uma mudança.

- Vamos limpa? Como a pima e a mamã faxem?

- Não...tava mais pensando em...a gente fazer a decoração de Natal - o David olhou para mim confuso.

- E a mamã? E o Gomas? Não faxem com nós?

- Amor...o Rodrigo está a falar na decoração aqui da casa dele. Depois a da nossa casa é com a mamã e o André. 

- Então vamos faxer duas avores de Natal?

- É isso mesmo! - respondeu-lhe o Rodrigo.

- Boa! - o David ficou todo animado, terminou o seu lanche e fomos todos até à sala.

- Bem...eu não tenho é muita coisa pra por na casa... - falou o Rodrigo.

- Não tens ávore?

- Tenho. Cê quer ver?

- Shim. 

- Vem comigo - o David deu a mão ao Rodrigo e foram para outra divisão da casa, enquanto que eu fui arrumar a bagunça em que estava o quarto do Rodrigo...tinha acontecido tudo sem ter pensado...sem ter medo...e não me sentia bem com isto...a minha cabeça não anda em condições de pensar..e depois só faz é porcaria. Tenho a perfeita noção de que as coisas com o Rodrigo podem dar em nada, por causa dos meus medos, por causa das minhas inseguranças...mas está na altura de eu arranjar alguém, mas que pode-se não ser jogador da bola. 

- Pima? - chamou o David, despertando-me. 
Fui até à sala e estavam os dois sentados no sofá a olhar para a árvore de Natal que estava em cima da mesa de centro. Era pequenina...mas o Rodrigo não costuma passar o Natal em Portugal. 

- Estou aqui - disse.

- Pima, o Godigo pecisa de cosas de Natal. A ávore dewe é tão piquinina.

- Oh...mas isso é porque o Rodrigo não costuma passar o Natal dele aqui?

- Mas então paxa onde? Esta é a casa dele! 

- Sim...é a casa dele, mas ele costuma ir passar o Natal com a família dele, ao Brasil.

- Também vais agora? - perguntou ele ao Rodrigo. 

- Agorinha não...mas esse Natal eu vou ficar cá com você, se quiser. 

- E com a pima? - olhei para o Rodrigo...por mais que tentássemos escapar ao "nós", o David metia-se sempre por fazer o arranjo. 

- Sim. Com ela também. Mas! Podemos ir comprar tudo o que é preciso, ou não?

- Vamos! Vamos!

- Cês querem ir comigo? - perguntou o Rodrigo para o geral.

- Vamos - o David levantou-se e foi vestir o casaco.
Eu e o Rodrigo também nos levantamos e falei baixinho para ele:

- A gente tá precisando de falar - imitei o sotaque dele. 

- Sim...a gente tem de falar mesmo. 
Fomos ter com o David e saímos de casa. Fomos até ao carro do Rodrigo e seguimos para o centro comercial mais perto. 
Compramos de tudo: uma árvores, bolas douradas, vermelhas e prateadas  a estrela que o David escolheu e, até, um mini presépio. 
No caminho de volta para casa o David ia super animado...mas cerca de 15 minutos depois de estar a conduzir, ficou super calado. Eu olhei para ele e reparei que tinha adormecido.

- Tava cansado - disse o Rodrigo, depois de constatar o mesmo que eu, olhando pelo retrovisor.

- Pois estava...

- Cê quer falar agora? 

- Acho que sim...Rodrigo...nós temos de ir com mais calma...o que aconteceu hoje foi um impulso meu e eu não o devia ter seguido.

- Cê está arrependida?

- Não totalmente...mas em parte sim. Tu sabes o que eu sinto e sabes os meus medos...o que nós temos pode dar em nada...ou numa bela amizade. 

- Cê tem razão...vamo com mais calma então.
Seguimos viagem e nem falamos mais no assunto.
Quando chegamos a casa, coloquei o David a dormir na cama do Rodrigo e comecei, com ele, a montar tudo, menos a estrela no topo da árvore de Natal, que era para o David por. 


Que impacto terá esta conversa no futuro dos dois?
Serão eles algo mais?

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