terça-feira, 30 de abril de 2013

Capitulo 26 - "Poderemos ser apenas tu e eu"


(Ana)

O tempo, ultimamente, parece voar. Entre o trabalho no CFC, o “relacionamento” com o Rodri, o traquinas do David...o Natal esta mesmo debaixo do meu nariz e eu ainda nem o senti verdadeiramente.
Hoje, dia 23 de dezembro, como o Benfica tinha treinos, tive de vir trabalhar da parte da manha.
Tínhamos, eu e a Rita, combinado que o Natal iria ser passado em Grijó. A nossa terra, a nossa família...os nossos. As coisas com a Rita não têm andado bem...ela está numa fase complicada e esta ida à nossa terra pode ser benéfica para ela...
O André e o Rodrigo vão connosco. O André é óbvio que vá...namora com a Rita e é a terra dele também...já o facto de o Rodrigo ir...as coisas entre nós estão bem...mas não são o que eu esperava. 
Não sinto o que pensava que sentia por ele e o Rodrigo já se deve ter apercebido disso. Cuidamos um do outro...mas parece que não conseguimos dar o passo em frente. Há sempre algo, ou de mim ou dele, que nos faz recuar.
Mais uma manha calma no Caixa...só os jogadores da equipa profissional estavam por cá, por isso o movimento era pouco. Como sempre, tinha de estar antes dos jogadores entrarem, por isso, pude vê-­los chegar.

Uns dos primeiros foram o Artur e o Luisão. Cumprimentei-­os, desejando-­lhes um Feliz Natal e quando o Garay chegou, saí do meu posto e fui ter com ele.
- Buenos dias! -­ disse-­lhe.


- Buenos dias, cariño. Vieste trabalhar hoje?

- Teve de ser...a minha colega teve direito a ficar em casa.

- E tu vieste trabalhar.

- Sempre se ganha qualquer coisa e também...depois vou com o Rodrigo para Grijó.

- Ele sempre vai?

- Vai.


- O teu entusiasmo...ui.

-Oh...sabes perfeitamente que é estranho para mim...ainda por cima vai lá estar a minha família.

- E vais apresentá-­lo como?­ 


- Amigo.

- Tens a certeza?

- Tenho. Eu não vou colocar ainda mais pressão no que existe entre nós.

- Achas que não o vais fazer....mas acabas por faze-­lo.

- Achas?

- Tenho quase a certeza. O Rodrigo...ele tem andado estranho.

- Eu não sei o que faça...

- Encontramo-­nos aqui depois do treino. Falas comigo?

- É óbvio que falo.

- Então até já.

- Até já. Bom treino.

- Obrigado.

Voltei ao meu posto de trabalho e por lá fiquei.

O treino tinha começado, porque ouvi alguns dos “gritos” do mister...mas ouve algo que me chamou à atenção. O Salvio, o “nosso” Toto, estava sentado num dos bancos da rua. Estava equipado, pronto para o treino, mas estava ali. Decidi ir ter com ele...se há algo que somos aqui, é uma família e quando um está em baixo, todos estamos com ele.
Sentei-­me a seu lado e comecei a falar:


- Ultimo treino antes do Natal e o senhor Toto não vai...


- Ana... -­ como é que era possível que ele soubesse o meu nome se as únicas vezes que falamos foi tudo tão profissional que não tinha como o saber?


- Passa-­se alguma coisa?­ 


- Não...como estou a recuperar da lesão só vou fazer ginásio daqui a pouco.

Ficamos ali os dois a olhar para o...nada. Já que o trabalho era pouco e, apesar do frio, sabia bem estar ali.

- Tu é que não pareces lá muito bem... -­ comentou ele.

- É a vida...

- E queres falar dela?

- Eu, Ana Mendonça, falar contigo, Eduardo “Toto” Salvio, sobre a minha vida?

- Qual é o mal? Poderemos ser apenas tu e eu.

- E...tu...queres ouvir o que...eu...tenho para dizer?

- Só estou de ouvidos.


- É complicado... -­ senti-­me bem com ele...e então disparei em todas as direcções e falei de tudo o que me ia na cabeça...desde o que se anda a passar com a Rita...ao que se anda a passar com o Rodrigo.

- Mas...se ele vai contigo para a tua terra...é algo sério.

- É...só pelo facto de que ele não quis estar com a família dele para estar comigo...mas eu não sei...não me sinto tão bem com ele como esperava estar, entendes?

- Acho que sim...mas porque é que não dão um tempo?

- Porque acho que assim é que o esqueço...é que ainda há uma parte do Roberto...

- E será que o Roberto ainda tem uma parte tua?


- Não, não tem...ele já tem outra pessoa e devem de casar porque foram feitos um para o outro...

- E é isso que tu tens de fazer, tens de arranjar uma pessoa para ti, uma pessoa que te ame de verdade e que não seja de agora. Uma pessoa que te faça feliz e que seja também ela feliz contigo. Mas, talvez essa ida à tua terra, te faça bem...e ao Rodrigo também.­ 

- É...tens razão...obrigada.

- De nada. Eu vou para a fisioterapia.

- E eu vou voltar ao trabalho.



Entrámos os dois no edifico, eu fui para o meu posto de trabalho e o Salvio para o dele.

------------

Dia de trabalho no fim! Aleluia! Tenho andado cansada...e estar aqui, hoje, é do pior.
Os jogadores iam saindo, até que o Garay chega perto de mim.

- Queres falar então?

- Sabes -­ comecei -­ falei ainda à pouco com o Toto...e agora talvez não seja a melhor altura para falarmos.

- Estou a ver...trocas-­te o teu melhor amigo pelo Toto ­- se eu já não o conhecesse bem, dizia que ele estava super chateado...mas foi só mais uma careta para me fazer, uma das muitas que ele faz quando me tenta animar -­ já que não vou servir de psicólogo, resta-­me dizer: Feliz Navidad.


- Feliz Navidad. Espero que passes estes dias com as pessoas que mais amas.

- Igualmente, guapa -­ o Garay deu-­me dois beijinhos e um abraço e foi-­se embora.


Nisto surgem ali, no átrio, o André e o Rodrigo...vinham animado...entusiasmados demais até...vieram ter comigo e o Rodrigo sabia...nada de beijos no local de trabalho. Além de que...não me apetecia.
Enquanto não dei pelo meu turno terminado, eles ficaram por ali a fazer­-me companhia até porque tínhamos de esperar pela Rita que vinha ter connosco, com o Dádá, para nos fazermos à estrada.
Quando estava despachada, saímos os três do CFC e fomos até ao parque de estacionamento, onde já estavam os meus primos. O André foi com a Rita e o David no carro dele e eu fui com o Rodrigo no carro dele.
Introduzi as coordenadas no GPS e ele começou a conduzir.


- Cê podia me dar um beijo agora.

- Estás a conduzir Rodrigo...

- Desde quando isso impede que você me beije?­ 

- Rodrigo...a serio, concentra-­te que a viagem é longa -­ aninhei-­me no banco do carro e fechei os olhos.
Queria que ele pensasse que eu estava a dormir...não me apetecia nada falar com ninguém...queria pensar bem no que iria fazer quando chegasse a Grijó.

Fui assim algum tempo na viagem, até que uma chamada do Rodrigo com a mãe me chamou à atenção:


- Cê sabe que eu ainda amo ela...mas a Ana, ela é bem especial mamãe -­ do outro lado da linha, a mãe deve-­lhe ter dito algo -­ não sei...tou com medo do que vai acontecer na terra dela...vão estar lá os pais dela...toda a família. Eu tou querendo algo com ela, mas também não quero que ela me apresente como namorado dela, porque eu vejo que ela não quer que eu seja isso prá ela -­ o Rodrigo falava com sinceridade, uma sinceridade que não conseguia ter comigo...e isso entristecia­-me...nesta conversa toda, o que me chamou à atenção foi o facto de ele ter dito: “Cê sabe que eu ainda amo ela...”. Há qualquer coisa no passado dele que eu ainda não sei. Que ele nunca me contou.
Fingi ter acordado:


- A gente depois fala mãe. Beijo ­- ele desligou a chamada -­ acordei você?

- Não...Rodrigo...tu tens alguma coisa para me contar?

- Como assim?


- Eu ouvi uma parte da conversa...a parte do “Cê sabe que eu ainda amo ela...” -­ ele olhava a estrada...e percebi que tinha ficado incomodado com a situação ­ se não quiseres falar, eu entendo...mas...se queremos que isto seja algo mais temos de ser sinceros um com o outro.

- Cê tá certa...e cê tem sido bastante sincera comigo. Eu não...eu, como você, quando nos conhecemos tava saindo de uma relação à pouco tempo...que durava à muito.

- Porque é que nunca me contas-­te?

- Não sei...

- Nós temos de ir com calma Rodri...


- Cê sempre teve razão nessa situação...eu é que sempre tentei levar as coisas com muita pressa. Me desculpa.­ 

- Não te mal...
Passamos o resto da viagem a falar da...Lorena...a ex­-namorada do Rodrigo. Eu não me importei...queria saber o que é que ela tinha sido e o que é que eles tinham tido...mas percebi que, para ele, era difícil falar nela...era complicado para ele.

Quando chegámos a Grijó fomos para casa dos pais da Rita, os meus tios, já que os meus pais tinham os quartos deles cheios com família que tinha vindo passar o Natal. E agora é que o problema começa...agora sim...é que eu vou entrar em ebulição.



Como será que Ana apresenta Rodrigo à família?
E, como reagirá Rodrigo a essa apresentação?

5 comentários:

  1. gostei muito, :)
    próximo rapidamente possivel sff
    bj

    ResponderEliminar
  2. Fantastico adorei.
    Fico a espera do proximo.bjs

    ResponderEliminar
  3. Olá. A vossa fic é linda! Já agora, poderiam-me responder à seguinte pergunta num comentário? Conhecem alguma fic do Lima? Ou será que podem considerar fazer uma? Desculpem se estou a incomodar. Beijo.

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Olá Letícia!

      Obrigada pelo elogio à nossa fic :) É bom saber que temos leitoras e que gostam do que escrevemos.
      Quanto á fic do Lima... Infelizmente nem eu nem a Ana conhecemos nenhuma :c
      Mas se conhecermos avisamos.
      Beijinhos, Rita

      Eliminar
  4. Quando voltas a publicar?bjs

    ResponderEliminar