sexta-feira, 14 de fevereiro de 2014

Capitulo 32: "Podem dá um bechinho na boca?"


Ana:

Saí de casa com o David e, na pequena viagem de elevador até ao rés-do-chão, nada foi dito. Ele ia a brincar com o carro na porta do elevador e eu a ficar super nervosa! Era a primeira vez que eles iam estar juntos depois de o David ter dito que não gostava do Salvio. 
Assim que saímos do prédio o Salvio, que estava encostado no carro dele, desencostou-se e caminhou um pouco, mas nós é que fomos ter com ele. E nesse momento o David surpreendeu-me, como só ele o sabe fazer. 
- Toto, esculpa eu ter potado mal. Eu chou o David e gosto um petadinho mais de ti - olhei para o Salvio, que me sorriu e baixou-se, ficando mais ou menos da altura do Dádá. 
- Tu és um menino muito especial. Eu gosto de ti e não vou fazer mal à tua prima - o Salvio lá falou no seu português meio arranhado. Senti-me a enfraquecer...por dentro. Ter o David a aceitar o Salvio nas nossas vidas, é a cereja no topo do bolo para os últimos tempos que tenho vivido. 
Baixei-me também ficando ao lado do David. 
- A prima gosta cada vez mais de ti Dádá - dei-lhe um beijinhos na bochecha. 
- Pima, achim o Toto fica com chiume! - rimos feitos uns doidos com a saída do David, que deu a sua maravilhosa gargalhada - vamos pachear onde?
- É surpresa! - disse o Salvio, pegando nele ao colo. Eu coloquei-me ao lado deles e o David olhou para mim, e depois para o Salvio. 
- Voches são da mesma atura. 
- Quase...a prima é mais pequenina - disse.
- Podem dá um bechinho na boca?
- Tu queres que eu dê um beijinho à Ana? - o Salvio fazia um esforço imenso para falar correctamente português, para que o David percebesse tudo o que ele lhe dizia.
- Chim. A mamã e o papá Gomas também dão. E voches chão namoados também têm de da bechinhos na boca.
O Salvio olhou para mim, a rir-se. O David também me olhou fazendo beicinho. 
- Não entendo porque é que queres que nós demos um beijo, David Simão!
- Pima...é pa ser a sherio. 
- Ai é?
- Shim - aproximei-me mais um pouco do Salvio, dando-lhe um beijo. O David riu-se que nem um perdido e quando afastei os meus lábios dos do Salvio, também nós nos rimos - ponto, agoa é a sherio.
- Antes não era?
- Era difente. 
- Vamos, mas é embora que está a ficar tarde.
- Mas ainda é dia! - o David...sempre com o poder de nos fazer rir, mesmo que estejamos a ter um dia de porcaria. 
Abri a porta do banco de trás, onde já estava a cadeirinha do menino. O Salvio colocou-o lá e não precisou de ajuda para o prender. O que me deixou babada. Ele sabia como colocar um bebé em segurança num carro. 
Depois de o David estar na cadeira, fechei a porta e fomos para os lugares da frente. O Salvio a conduzir e eu ao lado. 
Assim que ele começou a conduzir o carro o David começou as perguntas:
- Como é que meteam a minha cadeiinha aqui?
- Foi antes de te ir buscar. A cadeira estava no carro da mamã e a prima tinha as chaves. 
- E o Shalvio shabe por eu aqui. 
- Pois sabe... - olhei para ele que sorria. 
- Shalvio?
- Sim David?
- Tu não vas facher a pima choar?
- Não David.
- E voches podem da-me um pimo? - o Salvio olhou para mim meio atrapalhado, meio envergonhado - eu pedi à pima no Natal, mas ela tava com o Godigo e agoa tá contigo, teno de pedi a ti. 
- Ainda é muito cedo David, mas daqui a uns tempos podemos pensar em dar-te um primo - respondeu o Salvio...e o meu coração disparou ultrapassando a barreira dos mil. 
- No Natal pocho pedi?
- Talvez. 
- Obigado. Onde é que famos?
- É surpresa! - respondi-lhe. 
- Tá bom. 
Seguimos o resto da viagem sempre a conversar. Iriamos ao Jardim Zoológico com o menino. Já lá tinha ido ainda era pequeno, não se devia lembrar muito bem, mas agora que já tem noção dos nomes dos animais é mais que bom para ele lá ir. 
Assim que chegámos fui levantar os bilhetes e entrámos no recinto os três. Eu levava o carrinho do David, ele podia ficar cansado durante o dia de tanto andar, mas ele ia ao colo do Salvio.
- Salvio quando ele te estiver a cansar mete-o no chão. 
- Tudo bien corazón! 
- Shalvio...eu ashim não entendo!
- Desculpa David. Eu prometo que falo sempre em português contigo.
- E vamos ver os animais todos hoje?
- Vamos sim! - respondi-lhe - Gostaste da ideia pequeno da prima?
- Sim pima! Há cá dinosaros?
- Não Dádá. Os dinossauros já não existem, só em bonecos. 
- Ah! E dagrões como no potro?
- Também não David. Esses também não há - respondeu-lhe o Salvio. 
- Então o que é que famos ve?
- Há aqui girafas, elefantes - comecei. 
- Golfinhos, hipopotamos, cobras, leões - acrescentou o Salvio.
- E a águia do Fenfica?
- A águia do Benfica não, mas há uma parecida. 
- E vamos ver o que pimeiro? - perguntou ele curioso. 
- Os leões e os leões bebés, porque depois temos de ir ver o espectáculo dos golfinhos. 
- Shim! Os gofinhos tão na água?
- Sim, Dádá. 
Iniciámos a nossa visita por ir ver os leões. O David adorou. Imitou-os e ainda lhes queria dar um briquedo dele, óbvio que não deu porque se apercebeu de que ia ficar sem ele. 
Antes de entrarmos para o espectáculo dos golfinhos, sentámo-nos num banco para que o Dádá bebe-se água. Ele e o Salvio iam falando cada vez mais. E sempre com dois sorrisos lindos nos lábios. 
Lá entrámos para o aquário dos golfinhos e sentámo-nos nas bancadas para ver. Algumas pessoas pediram autógrafos ao Salvio mas, estando ali a maior parte famílias, devem ter compreendido que queríamos o nosso espaço e pararam pouco depois. 
- Pima, fata muito?
- Não, mais dois minutos e começam. 
- Tá. Shalvio, poque que as pissoas pedem pa tu escreveres na folha?
- Como eu jogo no Benfica, as pessoas conhecem-me e querem uma recordação. 
- Se eu fo joar pó Fenfica também pedem a mim?
- Pedem sim. Tu queres ir jogar no Benfica?
- Não shei. Mas é giro!
- O Salvio e o papá André têm de te ensinar umas coisas! - sugeri. 
- Enshinavas-me? - perguntou o David super contente ao Salvio. 
- Claro que sim. 
- Obigada Toto.
- De nada Dádá - e nisto começa o espectáculo.
- Shalvio, posho ir pás tuas penas ve meor?
- Claro! - o Salvio pegou nele, colocando-o nas suas pernas e eu aproximei-me mais dele.
O Salvio olhou para mim e vi perfeitamente nos olhos dele que estava feliz. Decidi falar com ele em espanhol, até para termos um momento sem o David perceber. 
- Está a ser tão bom que ele já esteja assim contigo.
- O teu primo é o pequeno mais amoroso que já conheci! E ter-me pedido desculpa quando chegou perto de mim...é um homenzinho.
- E quer um primo...
- Havemos de tratar dele - aproximei-me dele, dando-lhe um beijo discreto. Estávamos ao pé do David e de mais não sei quantas pessoas.
- Foces ashim não veem os gofinhos - disse o David, como que nos chamando à atenção - e poque é que tavam a fala estanho?
- Porque a prima quis dizer uma coisa ao Salvio sem tu perceberes. 
- É segedro?
- Sim, mas depois tu sabes. 
- Tá - ficámos todos a ver os golfinhos e foi simplesmente mágico. 
Se, por si só o espectáculo é maravilhoso, a ligação entre o Salvio e o David está a crescer. E está a ficar tão bonita. O David pergunta-lhe as coisas que não entende e o Salvio esforça-se imenso para lhe responder mesmo que não seja na sua língua. 
Quando o espectáculo estava a terminar, chegaram as focas. E, como sempre, há duas que vêm até ao público e uma estava mesmo ao pé de nós. 
- Pima, eu teno medo! - disse ele querendo vir para o meu colo. 
- David, não fazem mal, amor - ia a pegar nele, mas o Salvio deixou-o ficar no seu colo.
- David, elas só te querem dar um beijinho e que tu lhes dês um beijinho também.
- Mas elas são gandes!
- Mas não te fazem mal nenhum. Faz só uma festinha - a foca já estava à frente dele e o David lá esticou a mão para lhe dar uma festinha. 
- Ta moiada. 
- Ela estava na água Dádá - disse-lhe colocando-lhe a mão nas costas, para ele saber que também eu estava a seu lado neste passinho dele.
- Queres dar-lhe um beijinho? - perguntou a tratadora. 
- Eu não shei...
- Mas olha que ela quer dar-te um beijinho. Ela pode? - voltou a perguntar. 
- Shim... - ele agarrou-se com força ao braço do Salvio, puxava-lhe mesmo a camisola e queria aconchegar-se nele como faz comigo ou com a Rita quando tem medo. 
A foca lá se aproximou dele e deu-lhe um beijinho na bochecha. O David desmanchou-se a rir:
- Faz coquinhas.
- Vês? Não tens de ter medo amor - disse-lhe dando-lhe um beijo na cabeça.
- Agora queres dar-lhe tu um beijinho? - perguntou o Salvio. 
- Dás comigo?
- Dou - o Salvio aproximou-se da foca com o David e ambos lhe deram um beijinho ao mesmo tempo - sabe a pexe! Sabe mal! 
Todos nos rimos e a foca foi embora. 
- Obigada po me ajudares Toto - disse ele dando um beijinho na bochecha do Salvio. 
- De nada pequeno! - o Salvio também lhe deu um beijinho na bochecha...estou completamente derretida com estes dois homens na minha vida, mas decidi picá-los. 
- Eu acho que vou começar a ter ciúmes dos dois! - o David olhou para mim e puxou-me pelo braço fazendo com que ficasse mesmo junto a eles. 
Ele deu-me um beijinho na boca, como era sempre entre nós. 
- O meu já tá! Aora fata o do Toto - olhei para o Salvio que me puxou pelo braço que tinha livre. Colocou a sua mão no fundo das minhas costas e deu-me um beijo completamente apaixonado. Estava a precisar, era um dia perfeito, estava a ser perfeito e eles simplesmente me deixavam a mulher mais feliz à face da terra.
- Pima já chega, vais ficar sem repirar! - disse ele afastando-me do Salvio. 
Ambos nos rimos e acabámos por sair do recinto dos golfinhos. Estava a chegar a hora de almoço.
Fomos para umas mesas de piquenique e almoçámos os três. Pouco depois de acabar o seu comer, o David quis deitar-se no meu colo...era a sesta. Estava habituado a dormir a sesta, nem que fosse uma hora. Acabou por adormecer e eu coloquei-o no carrinho. Sempre ficava melhor. 
Deixei-o pertinho de mim, mas aproximei-me do Salvio...era altura para namorar um bocadinho. Coloquei-me de frente para ele, rodeando a sua cintura com os meus braços e ele a minha cintura com os braços dele. 
- Está a ser tão maravilhoso estar aqui com vocês - comecei. 
- Tens toda a razão. O David é simplesmente maravilhoso. 
- E já se dá tão bem contigo. 
- Estou a fazer os possíveis para o conquistar. 
- Acho que já o fizeste, Toto.
- O teu olhar está tão brilhante...
- Estou tão feliz que nem sabes. 
- Acredito - trocámos um beijo demorado. Um momento nosso, sem pensar que estava gente por perto e simplesmente desfrutámos um do outro. 
Como o David estava a dormir e ainda demoraria a acordar, aproveitámos para passear pelas sombras do zoo. Aproveitámos também para namorar e tornar aquele ainda mais perfeito. 
Quando o David acordou fomos ver os animais. Passámos pelas girafas, os elefantes e todos os outros. O David só queria ver mais e mais, o que deu para ver muitos animais. Eram cerca das cinco da tarde quando saímos do jardim zoológico e fomos para casa. 
Estava cansada, mas tinha sido um dia perfeito e não me canso de o repetir. 
Durante todo o caminho até casa o David ia falando, no que ia contar à mãe e ao André. Que animais tinha visto, que tinha dado um beijinho a uma foca com a ajuda do Salvio, que tinha dado de comer à águia prima da do Benfica, era assim. Foi assim todo o caminho. 
Quando chegámos ao prédio do André, retirei o menino do carro, dando-lhe a mão. O Salvio juntou-se a nós e o David também lhe quis dar a mão. Subimos até ao andar do André e, como ainda tinha as chaves, entrámos.
- A mamã? - perguntou o David. "Piolho...o mais normal é estar a matar saudades do papá André" - pensei para comigo mesma. 
- Ela deve estar por aí - respondi-lhe - não queres comer nada?
- Não, vou ter com a mamã para lhe conta! E ao papá Gomas - num instante o David desapareceu, correndo na direcção do quarto do André.
- A Rita deve estar com o André - disse o Salvio. Olhámos um para o outro e fomos a correr atrás do David. 
O cenário era o que eu esperava...a Rita e o André em vias de facto e o filho dela a chamá-los perguntando-lhes o porque de estarem um em cima do outro....despido. Pedi-lhes desculpa, isto não era suposto ter acontecido.
- Dádá, anda que o Salvio explica-te - o Salvio falou e o David foi com ele para a sala. 
- Vocês arranjem-se e venham ajudar a resolver a situação! - fechei a porta e fui atrás do Salvio.
Explicar  a uma criança de quase três anos o que é que a mãe dele estava a fazer na cama com o André...ai meu Deus. Isto ninguém me ensinou a fazer! Como é que se faz?

Como irão explicar a David o que se passa?
Irá o menino compreender e ter umas saídas dele?

Olá meninas!
Pedimos imensa desculpa por estarmos à muito tempo sem dar novidades, mas as coisas não andam lá muito bem e estarão a acompanhar os últimos capítulos desta história.
Contudo, tudo faremos para vos dar aquilo que merecem por estarem sempre desse lado.
Beijinhos.
Ana e Rita.

2 comentários:

  1. Olá. Adorei este capitulo e já tinha saudades deste quinteto :)
    Adorei o passeio a três. O miúdo tem cá uma lata e faz com cada pergunta que deixa qualquer pessoa envergonhada ;).
    Bem!...a parte final...que barraca. O miúdo tinha que abrir aporta na hora H?...parece que sim, né :p.
    Espero que a mãe Rita se consiga desenvencilhar desta grande embrulhada :/
    Espero pelo próximo, demore o tempo que demorar, sff. Bjs :****

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  2. Já tinha saudades da vossa fic, das perguntas do David... Bem a Sílvia disse tudo, o David tinha que chegar agora, a Ana bem que podia ter demorado um pouco mais, assim não teriam problema. Que ver a resposta do Totô à pergunta do Davi.
    Ah, e Amei o passeio que eles deram no Zoo, espero o próximo!!!

    Beijinhos!!!
    Lari Lima

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