sábado, 19 de janeiro de 2013

Capítulo 18: "Passinhos de bebé, mas avançando"

(Ana)


Vontade de ir trabalhar não a tinha…queria ir para o Caixa, mas não queria nada ter que ir trabalhar, mas tem de ser se quero chegar ao fim do mês com emprego. 
A manha decorreu super tranquila. O treino dos jogadores da equipa principal tinha sido à porta fechada, pelo que não causou grande alvoroço. 
Quando o treino terminou não demorou muito para que alguns dos jogadores começassem a aparecer, entre eles, um grande amigo meu: o Garay.

- Buenos dias! – disse ele entrando no meu local de trabalho. 

- Buenos dias – dei-lhe dois beijinhos – já sabes que não devias estar aqui dentro. 

- Porque o nosso chefe pode não gostar…já sei dessa conversa, mas só vim dar dois beijinhos. Agora volto a sair – ele saiu e ficou à minha frente, apoiado no balcão – como é que vão as coisas? 

- Que coisas? 

- Sabes bem do que falo…do caso RR – “caso RR” era igual a caso Roberto e Rodrigo.

- O Roberto esteve cá. Começou a namorar com a Elena. 

- E veio cá fazer exactamente o que? 

- Dizer-me e almoçar comigo.

- E o Rodrigo? 

- Já estamos mais próximos…ele já sabe de tudo…tudo mesmo. Que estou a gostar dele, que andei com o Roberto e que ainda o amo.

- Contaste-lhe tudo? Finalmente!

- É… - vi que o Garay ficou contente por mim, mas a chegada da sua cara metade deixou-o ainda mais feliz. 

- Hola cariño! – Disse-me a Tamara, depois de cumprimentar o Garay. 

- Hola! Tinha saudades de vos ver aos dois juntos. 

- É…agora com a escola a Tami anda mais ocupada, mas agora vais vê-la mais vezes, mas agora nós vamos almoçar. Queres vir? 

- Não…vou esperar por uma pessoa. 

- Faz isso. 

- Vemo-nos depois! – Despedi-me dos dois com dois beijinhos a cada um. 

Continuei por ali ainda a tratar de uns quantos telefonemas e emails. Os jogadores já tinham saído praticamente todos…só faltava o Rodrigo mesmo. 
Passou mais algum tempo e lá passou ele pela recepção…ia distraído e nem me ouviu a chama-lo. E eu…eu queria falar com ele…queria estar com ele. 
Fui até ele e puxei-o pela mão. Ele olhou-me e estava triste. 

- Que se passa Rodrigo? Chamei-te…

- Me desculpa…não estou com cabeça pra nada…

- Passou-se alguma coisa?

- Mais ou menos. 

- Queres falar? Podemos ir almoçar…

- Podemos.

- Vou só buscar as minhas coisas. 

Fui até à recepção e trouxe as minhas coisas. Fui com o Rodrigo no meu carro e levei-o a almoçar a um dos meus sítios preferidos para comer quando estou mais em baixo. O Starbucks. Não seria o sítio ideal para um almoço típico, mas tinha de anima-lo de alguma maneira e comer doces é o que me anima.


- Que se passa Rodri? – Escapou-se a maneira como eu o sempre tratei, interiormente.

- Cê me chamou de Rodri…

- É o teu diminutivo. Mas…queres falar? 

- Sim…é que…eu pensei que ia passar o Natal com a minha família, mas eles não vão puder vir…e eu também não tou podendo sair de cá.

- Oh…mas o Benfica dá os dias do Natal…e há a paragem do campeonato. 

- Sim, mas é que…eu quero ficar cá. Queria fazer o meu Natal…junto de você.

- Comigo? Mas…a tua família é mais importante…e esta data é para passar em família. 

- Sim…mas eu queria passar consigo, com o Davi e com sua prima…também com minha família, por isso eles vinham cá. 

- Estás a fazer-me sentir mal…é por minha causa que estás assim…

- Por favor…não queria nada disso – ele aproximou a sua cadeira da minha e agarrou-me pela mão – eu só tava pensando que podia ser diferente esse ano. Eu na passagem do ano vou para Espanha com eles e queria que no Natal tivesse junto consigo e com eles…

- Até lá ainda tens muito tempo para os convencer.

- E a você? Convenço?

- A que? 

- A passar o Natal e a passagem de ano comigo. 

- Se passares o Natal cá com a tua família não vejo porque não possamos estar juntos…quanto à passagem de ano…eu não tenho muito dinheiro para ir para Espanha. 

- Cê não tem que preocupar com isso…eu levo você, sua prima, o André e o Davi.

- Que? 

- Sim…tou pensando em fazer isso com vocês. 

- E…

- A gente tem tempo pra combinar…não precisa de ser já. 

Continuamos o nosso “almoço”, para quando o terminamos voltar para o Caixa. 
O Benfica tinha hoje dupla sessão de treinos, e eu tinha o meu horário para cumprir.

- Cê sabe o que me está a apetecer fazer nesse momento? – perguntou o Rodrigo quando chegamos ao Caixa. 

- Treinar!? 

- Também…mas…tava pensado noutra coisa – e nisto, puxa-me para ele, beijando-me. Ali…sem medos nem vergonhas, no meio do átrio do Caixa com a possibilidade de entrar a equipa toda. 
O que aconteceu…não só ouvimos logo bocas dos colegas dele, como do mister. 

- Vamos lá ver se agora no treino da tarde não anda tão distraído o menino – disse o JJ dando um calduço ao Rodrigo – meta-se já a caminho do balneário – ordenou o mister. Eu ri-me e o Rodrigo também. Olhou-me e foi para o balneário juntamente com os colegas – e a menina! Tenha em atenção aquele moço! E…posso pedir-lhe um favor? 

- Diga mister. 

- Divirta-se com o espanhol brasileiro. Todos sabemos que desde o Roberto… - o mister era mais uma pessoa que sabia. E sempre esteve disposto a brincar comigo nessa situação. 

- Fique descansado mister – voltei ao meu posto de trabalho, mas aquilo estava tão tranquilo, que aproveitei que estava cá uma colega minha para ir ver o treino do Benfica. 
As trocas de olhares entre mim e o Rodrigo eram…intensas. E as bocas eram mais que muitas, mas o dia de hoje estava todo ele ser completamente fora do meu controlo e eu estava a amar. Estava a amar não ter controlo nos impulsos do Rodrigo, das bocas dos jogadores da equipa e do mister. 

Será que os dois, finalmente, assumem o que sentem?
Terão, um Natal em família?

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