(Ana)
A
sua posição sofreu uma pequena alteração, estava sentado com as pernas
fletidas, dobradas e os seus braços estavam pousadas sobre elas, a cabeça
estava baixa e assim que digo aquelas palavras ele levanta-a, mas pouco, só o suficiente
para os seus olhos estarem a mirar o mar, aguardo uns segundos e sento-me ao
seu lado, bem encostada ao seu corpo. O Rodrigo levanta a cabeça mas só de
forma aos seus lábios carnudos e irresistíveis estivessem visíveis ao meu olhar. E
num tom baixo, difícil de ouvir, principalmente pelo som que o mar fazia,
consegui ouvir:
-Cê me machucou. – Senti um aperto no
meu coração, magoava-me tê-lo magoado, mas acima de tudo magoava-me ouvir pela
sua boca que lhe fiz algo que de todo não era minha intenção, foi uma reação
espontânea, eu gosto do Rodrigo mas também gosto do Roberto. E tenho medo de
voltar a ficar só. E apesar de uma distração causada pelos meus pensamentos
senti um toque no meu ombro direito, do lado que estava mais próximo do
Rodrigo, entreolhamo-nos e ele disse. – Cê
permite que eu faça algo? – Mais parecia os anúncios do Ferrero Rocher. Não
sabia o que responder. Fui apanhada desprevenida mas mesmo assim respondi:
-O quê Rodrigo? – Fui direta e franca
nas palavras. Não sabia o que ele queria e provocava um nervoso miudinho em
mim, não sabia o que ele tanto queria mas queria sabê-lo.
-Quero ver se o cê disse pelos seus lábios é
verdade. – O que será que ele quis dizer? Não entendi as suas palavras mas
mesmo assim uma ânsia de o descobrir por outras palavras fervilhava em mim.
Acenei-lhe positivamente com a cabeça e ele levantou-se do sítio onde estava e
beijou-me, como não esperava aquela atitude e o meu corpo não aguentava com o
seu peso, cai redonda no chão, mas com os seus braços ele impediu-me que a
queda fosse dura para mim. Encostou os nossos lábios e no início o que começou
por ser um beijo envergonhado acabou por ser um beijo sentido, que só acabou
quando o ar nos faltava. Quando separamos os nossos lábios ele continuou sobre
mim, sorriu e eu retribui o seu sorriso da mesma forma, dei meia volta de forma
a ficar eu sobre ele e beijei mas desta vez foi um beijo mais frenético, mais
sentido, com mais emoção, as suas mãos já estavam sobre o fundo das minhas
costas e as minhas mãos estavam na sua camisola de forma a puxá-lo contra mim,
a unirmo-nos o nosso corpo, nesse momento eu não queria saber nem do passado
nem do futuro, não queria pensar nas minhas dúvidas e receios, queria apenas
viver o que o presente, viver o meu momento com o Rodrigo, queria apenas
desvendar o que o meu coração queria mas a minha cabeça não deixava. O meu
coração dizia-me que o que sentia pelo Rodrigo devia ser vivido, que devia dar
tempo e viver todos aqueles sentimentos, emoções e momentos ao lado dele para
assim entender o que tanto gritava, algo que eu não conseguia traduzir por
palavras, não conseguia traduzir, a minha cabeça impedia-me. Essa minha “amiga”
dizia-me que o Roberto está com a Elena e eu devia ir atrás dele, agora mais do
que nunca, porque ele embora esteja com ela, o nosso coração palpita em
uníssono, e se eu fosse até Espanha conseguíamos rever o que nunca deveria ter
acabado.
O
beijo termina e eu saiu de cima dele, levanto-me dou-lhe a minha mão para ele
também se levantar. Não queria pelo menos viver tudo aquilo novamente, ou
melhor, secalhar queria viver, por um lado queria sentir-me bem como me sentia
a beijá-lo, mas por um lado queria pensar em tudo o que aquilo implicaria no
meu futuro e na minha vida. Começamos a passear pela praia, umas vezes
cruzávamos as nossas mãos, e quando digo as mãos quero dizer inclusive os dedos
que se tocavam, outras vezes passeávamos só de mãos dadas.
-Rodrigo, não quero pressionar nada. Eu
quero apenas digerir tudo, quero dar tempo ao tempo, entender o que sinto e o
que sentes. Pôr o meu passado de lado, esquecer o Roberto e tentar entender o
que sinto por ti mas por enquanto vamos deixar tudo acontecer com calma. Eu
gosto de ti mas não sei o que quero entendes? – Vi pela sua expressão que
não entendeu. Mas não me deu tempo para responder:
-Cê está arrependida? – Parou a meio do
caminho, e eu dei mais alguns passos adianta, olhei para ele e respondi:
-Não, não estou aliás por mim
estava a repetir o momento. –
Ele olhou para mim e sorriu. – Mas quero
primeiro assentar as poeiras. –
Cruzou as nossas mãos e disse:
-Eu vou esperar por você mas não a quero
perder. – Abracei-o, aquelas palavras deram-me uma sensação de confiança,
ele provou que estava disposto a esperar por mim e a ajudar-me a ultrapassar os
meus medos e barreiras, mas eu sabia melhor do que ninguém que o tempo que
íamos demorar a ultrapassar aquelas barreiras podia ser maior do que o tempo que
ele estava disposto a esperar por mim.
Fomos
até aos nossos carros e despedimo-nos, ele foi em destino incerto para mim e eu
fui em direção a casa, já era noite e eu queria rever a minha prima e o meu
traquinas, não queria falar sobre o aconteceu, queria apenas arranjar forças no
David, que me fazia sorrir e dormir, dormir sobre o assunto, por hoje não
queria pensar em nada, amanhã quando o voltasse a ver logo tomaria uma decisão.
Como
correrá o reencontro?
O
que significou aquele beijo? Será que irão passar as dificuldades juntos?
AMEI <3
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