domingo, 6 de janeiro de 2013

Capítulo 13: "Cê está arrependida?"



(Ana)

A sua posição sofreu uma pequena alteração, estava sentado com as pernas fletidas, dobradas e os seus braços estavam pousadas sobre elas, a cabeça estava baixa e assim que digo aquelas palavras ele levanta-a, mas pouco, só o suficiente para os seus olhos estarem a mirar o mar, aguardo uns segundos e sento-me ao seu lado, bem encostada ao seu corpo. O Rodrigo levanta a cabeça mas só de forma aos seus lábios carnudos e irresistíveis estivessem visíveis ao meu olhar. E num tom baixo, difícil de ouvir, principalmente pelo som que o mar fazia, consegui ouvir:


-Cê me machucou. – Senti um aperto no meu coração, magoava-me tê-lo magoado, mas acima de tudo magoava-me ouvir pela sua boca que lhe fiz algo que de todo não era minha intenção, foi uma reação espontânea, eu gosto do Rodrigo mas também gosto do Roberto. E tenho medo de voltar a ficar só. E apesar de uma distração causada pelos meus pensamentos senti um toque no meu ombro direito, do lado que estava mais próximo do Rodrigo, entreolhamo-nos e ele disse. – Cê permite que eu faça algo? – Mais parecia os anúncios do Ferrero Rocher. Não sabia o que responder. Fui apanhada desprevenida mas mesmo assim respondi:

-O quê Rodrigo? – Fui direta e franca nas palavras. Não sabia o que ele queria e provocava um nervoso miudinho em mim, não sabia o que ele tanto queria mas queria sabê-lo.

-Quero ver se o cê disse pelos seus lábios é verdade. – O que será que ele quis dizer? Não entendi as suas palavras mas mesmo assim uma ânsia de o descobrir por outras palavras fervilhava em mim. Acenei-lhe positivamente com a cabeça e ele levantou-se do sítio onde estava e beijou-me, como não esperava aquela atitude e o meu corpo não aguentava com o seu peso, cai redonda no chão, mas com os seus braços ele impediu-me que a queda fosse dura para mim. Encostou os nossos lábios e no início o que começou por ser um beijo envergonhado acabou por ser um beijo sentido, que só acabou quando o ar nos faltava. Quando separamos os nossos lábios ele continuou sobre mim, sorriu e eu retribui o seu sorriso da mesma forma, dei meia volta de forma a ficar eu sobre ele e beijei mas desta vez foi um beijo mais frenético, mais sentido, com mais emoção, as suas mãos já estavam sobre o fundo das minhas costas e as minhas mãos estavam na sua camisola de forma a puxá-lo contra mim, a unirmo-nos o nosso corpo, nesse momento eu não queria saber nem do passado nem do futuro, não queria pensar nas minhas dúvidas e receios, queria apenas viver o que o presente, viver o meu momento com o Rodrigo, queria apenas desvendar o que o meu coração queria mas a minha cabeça não deixava. O meu coração dizia-me que o que sentia pelo Rodrigo devia ser vivido, que devia dar tempo e viver todos aqueles sentimentos, emoções e momentos ao lado dele para assim entender o que tanto gritava, algo que eu não conseguia traduzir por palavras, não conseguia traduzir, a minha cabeça impedia-me. Essa minha “amiga” dizia-me que o Roberto está com a Elena e eu devia ir atrás dele, agora mais do que nunca, porque ele embora esteja com ela, o nosso coração palpita em uníssono, e se eu fosse até Espanha conseguíamos rever o que nunca deveria ter acabado.
O beijo termina e eu saiu de cima dele, levanto-me dou-lhe a minha mão para ele também se levantar. Não queria pelo menos viver tudo aquilo novamente, ou melhor, secalhar queria viver, por um lado queria sentir-me bem como me sentia a beijá-lo, mas por um lado queria pensar em tudo o que aquilo implicaria no meu futuro e na minha vida. Começamos a passear pela praia, umas vezes cruzávamos as nossas mãos, e quando digo as mãos quero dizer inclusive os dedos que se tocavam, outras vezes passeávamos só de mãos dadas.


-Rodrigo, não quero pressionar nada. Eu quero apenas digerir tudo, quero dar tempo ao tempo, entender o que sinto e o que sentes. Pôr o meu passado de lado, esquecer o Roberto e tentar entender o que sinto por ti mas por enquanto vamos deixar tudo acontecer com calma. Eu gosto de ti mas não sei o que quero entendes? – Vi pela sua expressão que não entendeu. Mas não me deu tempo para responder:

-Cê está arrependida? – Parou a meio do caminho, e eu dei mais alguns passos adianta, olhei para ele e respondi:

-Não, não estou aliás por mim estava a repetir o momento. – Ele olhou para mim e sorriu. – Mas quero primeiro assentar as poeiras.  – Cruzou as nossas mãos e disse:

-Eu vou esperar por você mas não a quero perder. – Abracei-o, aquelas palavras deram-me uma sensação de confiança, ele provou que estava disposto a esperar por mim e a ajudar-me a ultrapassar os meus medos e barreiras, mas eu sabia melhor do que ninguém que o tempo que íamos demorar a ultrapassar aquelas barreiras podia ser maior do que o tempo que ele estava disposto a esperar por mim.
Fomos até aos nossos carros e despedimo-nos, ele foi em destino incerto para mim e eu fui em direção a casa, já era noite e eu queria rever a minha prima e o meu traquinas, não queria falar sobre o aconteceu, queria apenas arranjar forças no David, que me fazia sorrir e dormir, dormir sobre o assunto, por hoje não queria pensar em nada, amanhã quando o voltasse a ver logo tomaria uma decisão.

Como correrá o reencontro?
O que significou aquele beijo? Será que irão passar as dificuldades juntos?

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