domingo, 20 de janeiro de 2013

Capítulo 19: "Quero fazer-te um pedido muito especial"


(Rita) 


Assim que digo estas palavras o André foge do quarto, o meu primeiro instinto foi segui-lo mas acabei por optar pelo meu filho, que não teve atitude nenhuma, apenas ficou paralisado. Não queria perder nenhum dos dois mas por enquanto era mais importante tranquilizar o meu filho, não queria que se sentisse desamparado de forma alguma por isso abracei-o e dei um beijinho na bochecha e disse:

-Filho ficaste muito magoado com a mãe? – Ele acenou positivamente com a cabeça quando estava chateado não falava. – E posso saber o porquê meu amor? – Queria dar-lhe um beijinho mas ele fugiu e sentou-se na cama e respondeu:

-Poque tu gotas muito do Andé e ele gota de ti muito mamã. Eu vi que vocês deam o beijinho e não fico tiste, fico feliz poque assim ficam felizes e eu também. Quia que fossem namoados. – Não tive reacção a não ser abrir a boca, o meu filho achava que o André me trazia a felicidade que não tinha antes do seu aparecimento. – E o Gomas ficou tiste poque disseste que eam só amigos. Vai falag com ele poque ele ficou tiste eu pometo que poto bem aqui sozinho! – Fiquei sem reacção possível, o meu filho é uma máquina de surpresas! Quem diria que com 3 anos já me daria lições sentimentais.

-E como é que sabes que o André gosta muito de mim? – Perguntei a medo, eles mal se conheciam, mais ou menos porque já se conhecem há algum tempo mas só agora é que começaram a ter uma relação próxima.

-O Andé pediu-me segedo não te posso contag. Mas vai teg com ele poque deve tag tiste. – Dei-lhe um beijo e ia dar-lhe o recado para que se portasse bem mas ele antecipou-se. – Eu vou pa sala ouvig os bonecos e eu poto bem. Xau beijinhos. – Levantou-se e foi para a sala, acompanhei-o para me certificar que estava bem mas consigo espreitar por uma pequena porta que havia na sala, discreta mas os cortinados não enganavam. A porta estava aberta e os cortinados voavam com o vento, não tinha a certeza mas decidi espreitar, não perdia nada em descobrir uma zona que o André não nos tinha apresentado.
Assim que lá cheguei sentei-me ao seu lado, ele olhou para o outro lado, fiquei com uma vontade de me levantar, agarra-lo, encosta-lo á parede e beijá-lo como se nada tivesse acontecido, como se não existisse mais nada mas não podia… Ele estava em silêncio e vi pela sua cara que não estava bem decidi falar embora lutasse contra o meu orgulho:

-Podes-me explicar que segredos tão secretos são os que tens com o teu filho? – Ele sorriu mas nada respondeu já me estava a começar a enervar aquele silêncio. – Não queres falar não fales o problema é teu quero ver que justificação vais dar ao David para o teu desprezo súbito. – Esperei algum tempo como não tive resposta levantei-me para me ir embora, o mínimo que podia fazer era responder á minha pergunta, tão simples e claro como água. Nunca pensei que ele fizesse isso. Mas assim que me levanto ele fala:

-Vais onde? – Decidi não responder iria desprezá-lo do mesmo modo que ele me fez a mim, seria provar o sabor da vingança. Mas parei para o ouvir talvez tivesse algo mais a dizer. – Anda para aqui princesa da minha vida. – Abriu as pernas de maneira a que fosse para lá. Não resisti, precisava e necessitava do seu calor humano. Sentei-me no meio das suas pernas e ele encostou os lábios á minha orelha e sussurrou:




-Pequenina é um segredo meu e do David não te posso mesmo dizer. – Deu-me um beijo na bochecha mas um beijo extremamente carinhoso e duradouro. – Mas descansa que não é nada de mal antes pelo contrário é algo muito bom. Mas estava á espera que depois de o David nos ter visto que finalmente dissesses ao menino que somos amigos. – Fez aspas com os dedos assim que disse a palavra amigos, decidi corrigi-lo:

-Eu pedi para irmos com calma como te lembras. – Ele acenou positivamente com a cabeça, encostei-me ao seu ombro e olhamo-nos olhos nos olhos com pouca distância de diferença. – O David nunca teve um padrasto sempre foi habituado a ser o único homem da minha vida e tenho medo que a ideia de me partilhar contigo não lhe vá agradar. Tem uma madrasta mas é diferente porque é comigo que ele vive. – Fiz uma pausa breve. – E não é só isso André, nós conhecemo-nos há 19 anos! Partilhamos tudo és o meu melhor amigo, o meu amigo de infância, o meu companheiro de vida, nunca imaginei vir a apaixonar-me por ti. – Os olhos dele brilhavam mas mesmo assim não consegui nem quis que ele reagisse, o contexto da frase não era esse, secalhar expressei-me mal mas vou tentar corrigir. – Sim, sinto algo que nunca senti por ti sem dúvida alguma! Mas ainda não posso dizer que estou apaixonada, tenho os meus sentimentos muito confusos, quero levar tudo um passo de cada vez. Tenho medo que não resulte e que depois nos arrependemos porque perdemos uma amizade e um amor e não somos só nós André! Pensa no David como ele ficaria infeliz se nos separássemos, eu sou mãe e tenho 19 anos o meu filho tem 3 anos de certeza que encontras um pessoa melhor para te apaixonares e com certeza não queres educar um filho que não é teu com 19 anos, é uma responsabilidade muito grande! Como podes ver são tudo argumentos contra nós. – Disse suspirando. Ele deu-me um beijinho no pescoço que me arrepiou. Respondeu:

-Amor… - Olhei-o. Era a primeira vez que ele me tratava por amor porque realmente o sentia. – O David adora-me do mesmo modo que eu adoro aquele menino, é muito especial sem dúvida. Compreendo o que sentes e estou disposto a esperar até entenderes mas eu já não consigo estar sem ti entendes? Tenho medo de te perder como perdi até há bem pouco tempo. – Ainda não me era indiferente falar sobre a nossa distância durante tanto tempo. – Também me custa assumir para mim mesmo que sinto este amor, no meu coração mas é verdade eu sinto-o e não o vou negar. Claro que também tenho medo que a nossa relação não resulte e que percamos tudo mas sabes o que nós sentimos é muito forte e estou disposto a arriscar e a lutar, se tentarmos logo veremos só o destino nos pode dizer. Não quero encontrar uma pessoa melhor para me apaixonar eu quero-te a ti, não sou pai nem sei educar uma criança mas contigo e com o David quero aprender e tratá-lo-ei como se fosse meu mas não vou nem quero tirar o papel ao pai dele. – Abracei-o. Mas perdida nos seus braços a minha mão voa para a sua face, não resisto e beijo-o um beijo sentido e calmo. 

-Tu és o homem mais incrível que existe! – Demos um beijinho á esquimó. – Eu adoro-te muito mesmo mas vamos dar tempo ao tempo por favor. Mas olha primeiro quero fazer-te um pedido muito especial.


Que pedido terá Rita para fazer a André?
Será que aceitará? Depois da conversa como irá correr a despedida?


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